quinta-feira, 5 de maio de 2011

Diário de Professor: É chato ter que ouvir reclamação o dia inteiro!

Estou tão brava neste momento! Não posso me calar diante dos absurdos que ouço em uma das escolas em que trabalho. Como pode um professor, que tem dois cargos na mesma escola(quase um milagre), reclamar da vida, da educação, do ofício?

Enquanto tantas pessoas se esforçam para passar em concursos, tem gente que só sabe reclamar.

Reclama de ter dois cargos, de trabalhar o dia inteiro, de fazer JEIF, do salário, dos alunos, dos pais, dos gestores, dos colegas de profissão, enfim, passa o dia reclamando.

Não entendo este povo que "cospe no prato que come". Reclamar um dia, de algo específico, vá lá, a gente entende. Mas todo dia reclamar de tudo e todos? Isto não é normal!!!

Sei que a carreira docente tem muitos desafios, mas existe tanta coisa legal nesta profissão, e a pessoa só sabe ver o lado ruim. É uma pobre coitada. Quer dizer, pobre não, porque nem ganha tão mal assim. Não ganha o que deveria ganhar pela importância da profissão. Mas dada a realidade de nosso país, com tanto trabalhador ganhando salário mínimo, ela tem que dar graças a Deus, e parar de reclamar.

Depois continuo...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Artigo contesta ideias de articulista metido à especialista em educação da Veja

Gente!!!

Este artigo é grande, mas vale muito à pena. Ele contesta um artigo daquele metido à especialista em educação da Veja, Gustavo Ioshpe.

* Por Gaudêncio Frigotto, Zacarias Gama, Eveline Algebaile,
Vânia Cardoso da Mota e Hélder Molina


Vários meios de comunicação se utilizam de seu poder unilateral para realizar ataques truculentos a quem ousa contrariar seus interesses. O artigo de Gustavo Ioschpe, publicado na edição de 12 de abril de 2011 da Revista Veja (campeã disparada do pensamento ultraconservador no Brasil), não apenas confirma a opção deliberada da revista em atuar como agência de desinformação - trafegando interesses privados mal disfarçados, de interesse de todos -, como mostra o exercício dessa opção pela sua mais degradada face, cujo nível, deploravelmente baixo, começa pelo título - "Hora de peitar os sindicatos".






Com a arrogância que o caracteriza como aprendiz de escriba, desde o início de seu texto, o autor considera patrulha ideológica qualquer discordância em relação às suas parvoíces. Na década de 60, Pier Paolo Pasolini escrevia que o fascismo arranhou a Itália, mas o monopólio da mídia a arruinou. Cinquenta anos depois, a história lhe deu inteira razão. O mesmo poderia ser dito a respeito das ditaduras e reiterados golpes que violentaram vidas, saquearam o Brasil, enquanto o monopólio privado da mídia o arruinava e o arruína. Com efeito, os barões da mídia, ao mesmo tempo em que esbravejam pela liberdade de imprensa, usam todo o seu poder para impedir qualquer medida de regulação que contrarie seus interesses, como no caso exemplar da sua oposição à regulamentação da profissão de jornalista. Os áulicos e acólitos dessa corte fazem-lhe coro.






O que trafega nessa grande mídia, no mais das vezes, são artigos de prepostos da privataria, cheios de clichês adornados de cientificismo para desqualificar, criminalizar e jogar a sociedade contra os movimentos sociais defensores dos direitos que lhes são usurpados, especialmente contra os sindicatos que, num contexto de relações de superexploração e intensificação do trabalho, lutam para resguardar minimamente os interesses dos trabalhadores.




Os artigos do senhor Gustavo Ioschpe costumam ser exemplos constrangedores dessa "vocação". Os argumentos que utiliza no artigo recentemente publicado impressionam, seja pela tamanha tacanhez e analfabetismo cívico e social, seja pelo descomunal cinismo diante de uma categoria com os maiores índices de doenças provenientes da superintensificação das condições precárias de trabalho às quais se submete.




Um dos argumentos fundamentais de Ioschpe é explicitado na seguinte afirmação: “Cada vez mais a pesquisa demonstra que aquilo que é bom para o aluno na verdade faz com que o professor tenha que trabalhar mais, passar mais dever de casa, mais testes, ocupar de forma mais criativa o tempo de sala de aula, aprofundar-se no assunto que leciona. E aquilo que é bom para o professor - aulas mais curtas, maior salário, mais férias, maior estabilidade no emprego para montar seu plano de aula e faltar ao trabalho quando for necessário - é irrelevante ou até maléfico aos alunos”.




A partir desse raciocínio de lógica formal, feito às canhas, tira duas conclusões bizarras. A primeira se refere à atribuição do poder dos sindicatos ao seu suposto conflito de interesses com "a sociedade representada por seus filhos/alunos": "É por haver esse potencial conflito de interesses entre a sociedade representada por seus filhos/alunos e os professores e funcionários da educação que o papel do sindicato vem ganhando importância e que os sindicatos são tão ativos (...)".




A segunda, linearmente vinculada à anterior, tenta estabelecer a existência de uma nefasta influência dos sindicatos sobre o desempenho dos alunos. Nesse caso, se apóia em pesquisa do alemão Ludger Wossmann, fazendo um empobrecido recorte das suas conclusões, de modo a lhe permitir afirmar que "naquelas escolas em que os sindicatos têm forte impacto na determinação do currículo os alunos têm desempenho significativamente pior".




Os signatários deste breve texto analisam, há mais de dois anos, a agenda de trabalho de quarenta e duas entidades sindicais afiladas à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e acompanham ou atuam como afiliados nas ações do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). O que extraímos dessas agendas de ação dos sindicatos é, em tudo, contrário às delirantes e deletérias conclusões do articulista.




Em vez de citar pesquisas de segunda mão, para mostrar erudição e cientificidade em seu argumento, deveria apreender o que demanda uma análise efetivamente científica da realidade. Isso implicaria que de fato pesquisasse sobre a ação sindical docente e sobre os processos econômico-sociais e as políticas públicas com os quais se confronta e dialoga e, a partir dos quais, se constitui. Não imaginamos que um filho de banqueiro ignore que os bancos, os industriais, os latifundiários e a grande mídia têm suas federações ou organizações que fazem lobbies para ter as benesses do fundo público.




Um efetivo envolvimento com as pesquisas e com os processos sociais permitiria ao autor perceber onde se situam os verdadeiros antagonismos e "descobrir" que os sindicatos não se criaram puxando-se de um atoleiro pelos cabelos - à moda do Barão de Münchhausen -, se autoinventando, muito menos se confrontando com os alunos e seus pais.




As análises que não levam isso em conta, que se inventam puxando-se pelos cabelos a partir dos atoleiros dos próprios interesses, não conseguem apreender minimamente os sentidos dessa realidade e resultam na sequência constrangedora de banalidades e de afirmações levianas como as expostas por Ioschpe.




Uma das mais gritantes é relativa ao entendimento do autor sobre quem representa a sociedade no processo educativo. É forçoso lembrar ao douto analista que os professores, a direção da escola e os sindicatos também pertencem à sociedade e não são filhos de banqueiros nem se locupletam com vantagens provenientes dos donos do poder.




Ademais, valeria ao articulista se inscrever num curso de história social, política e econômica para aprender uma elementar lição: o sindicato faz parte do que define a legalidade formal de uma sociedade capitalista, mas o ultraconservadorismo da revista na qual escreve e com a qual se identifica já não o reconhece, em tempos de vingança do capital contra os trabalhadores.




Cabe ressaltar que todos os trocadilhos e as afirmações enfáticas produzidos pelo articulista não conseguem encobrir os interesses privados que defende e que afetam destrutivamente o sentido e o direito da população à educação básica pública, universal, gratuita, laica eunitária.




Ao contrário do que afirma a respeito da influência dos sindicatos nos currículos, o que está mediocrizando a educação básica pública é a ingerência de institutos privados, bancos e financistas do agronegócio, que infestam os conteúdos escolares com cartilhas que empobrecem o processo de formação humana, impregnando-o com o discurso único do mercado – o da educação de empreendedores. E que, muitas vezes, com a anuência de grande parte das administrações públicas, retiram do professor a autoridade e a autonomia sobre o que ensinar e como ensinar dentro do projeto pedagógico que, por direito, eles constroem, coletivamente, a partir de sua realidade.




O que o Sr. Ioschpe não mostra, descaradamente, é que esses institutos privados não buscam a educação pública de qualidade nem atender o interesse dos pais e alunos, mas lucrar com a venda de pacotes de ensino, de metodologias pasteurizadas e de assessorias.




Por fim, é de um cinismo e desfaçatez vergonhosa a caricatura que o articulista faz da luta docente por condições de trabalho e salário dignos. Caberia perguntar se o douto senhor estaria tranquilo com um salário-base de R$ 1.487,97, por quarenta horas semanais, para lecionar em até 10 turmas de cinquenta jovens. O desafio é: em vez de "peitar os sindicatos", convide a sua turma para trabalhar 40 horas e acumular essa "fortuna" de salário básico. Ou, se preferir fazer um pouco mais, trabalhar em três turnos e em escolas diferentes. Provavelmente, esse piso para os docentes tem um valor bem menor que o que recebe o articulista para desqualificar e criminalizar, irresponsavelmente, uma instituição social que representa a maior parcela de trabalhadores no mundo. Mas, a preocupação do articulista e da revista que o acolhe pode ir aumentando, porque, quando o cinismo e a desfaçatez vão além da conta, ajudam aqueles que ainda não estão sindicalizados a entender que devem fazê-lo o mais rápido possível.

"Que bom que os sindicatos de trabalhadores da Educação
preocupam os sacerdotes da privataria e seus braços ideológicos!"

* Gaudêncio Frigotto, Zacarias Gama e Eveline Algebaile
são professores do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e
Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPFH/UERJ).

Vânia Cardoso da Mota é professora da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e Colaboradora do PPFH/UERJ.

Hélder Molina é educador, assessor sindical e doutorando do PPFH/UERJ.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Virada Cultural acontece neste fim-de-semana!



A Virada Cultural vai começar. Preparados?

Entre as atrações estão Rita Lee, Paulinho da Viola, Erasmo Carlos, Dominguinhos, Eumir Deodato e também novos talentos, como Duani, Cibelle, Thaís Gullin e Rumpilezz.

Segundo os organizadores, a ópera Pagliacci será encenada em praça pública. Uma produção da casa, com a Orquestra Sinfónica Municipal e o Coral Lírico, as cias Visualfarm, Fratelli e Pia Fraus, técnicos e criadores do corpo municipal.

A música eletrônica também estará bem representada em pistas espalhadas entre o Largo São Francisco, Praça da Sé e Memória, e uma radiola maranhense ocupará a Praça Princesa Isabel.

Um palco dedicado à stand-up comedy e um ringue de luta livre com lutadores mexicanos e brasileiros são exemplos de atrações sem precedentes nas ruas da cidade.

Durante as 24 horas da Virada Cultural haverá apresentação da banda Beatles 4Ever, formada por músicos brasileiros. O quarteto, formado em 1976, tocará absolutamente todos os discos da banda inglesa, na íntegra, em sequência.

Enfim...vai ter muita coisa.

Para ver a programação completa, clique aqui.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Universidade pública forma pedagogos; Particular, professores - Parte 1

Recebi um comentário muito interessante no texto em que falei sobre o provão que o MEC vai instituir para avaliar os professores. O comentário foi o seguinte:

“Você realmente acredita na relação Universidade pública e privado como escreveu?
Em caso afirmativo, deve refletir melhor outras questões que estabelecem o relatório que você apresenta e sair de uma análise simplista e maniqueísta”.

Achei maravilhoso alguém questionar o que escrevo. Finalmente alguém reagiu a um texto meu. Isto é o que há de melhor em escrever: dialogar com o leitor, em tempos e espaços totalmente inimagináveis. Obrigada Leandro!

Como o comentário não foi sobre o “provão”, não comentarei sobre ele. Para quem quiser ler o texto, clique aqui.

Como isto é um blog e aquele texto não é uma reportagem, que teoricamente deveria ter fontes e opiniões relevantes, sinto-me no direito de colocar minhas indagações, frustrações e tudo mais que envolve meu caminho pedagógico. Portanto, não tenho a necessidade de criar um relatório com base científica. Mesmo assim, como o assunto rendeu “pauta”, vamos explorá-lo novamente.

Cursando jornalismo eu percebi a falta de relação entre a pública e a particular, agora, e agora, na Pedagogia, confirmei o que pensava: elas não somente não se relacionam, mas também andam por caminhos diferentes. Ou seja, não existe nem mesmo uma relação entre alunos de particular e de pública. Eles dificilmente se encontram.

Se no jornalismo, o que conta para o mercado é o nome da faculdade, na Pedagogia, o que conta, é rapidez na formação, já que sobram vagas e faltam profissionais qualificados para trabalhar no principal mercado: a rede pública de ensino.

Vocês já repararam quantos alunos formados na USP são professores da rede pública? Pouquíssimos, e sabem por quê? Porque a formação da USP baseia-se em pesquisa, como toda universidade deveria ser. Alguns, não saem nunca de lá. Engatam o Mestrado, Doutorado e por ali ficam, como pesquisadores da educação.

O problema é que estes só ficam na pesquisa, cabendo aos milhares de alunos da particular, que se matam para pagar uma faculdade, “dar aulas”, após três anos (somente) de estudo. Assim, quem estudou muito pouco, coloca a mão na massa, sem saber direito o que está fazendo. Já quem tem muito conhecimento, nunca entra numa sala de aula.

Gente, ser professor é uma coisa muito séria e exige os dois: reflexão e ação. Teoria e prática. E o que vejo é o seguinte: Teoria na pública. Prática na particular.

Eu quero ter os dois. Quero ser uma professora-pesquisadora. Por isto, não aceito receitas de bolo, aulas prontas. Eu quero base teórica para criar minhas próprias ações. Não quero ser manipulada pela rede, com livros e apostilas prontas. Eu sou um ser pensante.

Pode parecer idiota o que estou falando, mas é o que vejo por aí. Gente que, por falta de base teórica, de convicção própria, aceita o que lhe impõem. Muitas teorias e ideias criadas por pedagogos, economistas, sociólogos são boas, mas não têm a experiência da sala de aula, o que a complementaria. Eu quero criar teorias baseadas em minhas experiências.

Assim, coloco aqui novos questionamentos sobre a (falta de) relação entre pública e particular e a formação de professores em nosso país. No Brasil, a universidade particular forma professores. A pública, pedagogos. Mas meu caminho pedagógico, passa pelos dois!

Por favor, se existem professores na rede que estudaram na USP, avisem-me. Terei o maior prazer de falar que estava errada.

Qual a importância desta minha visão maniqueísta? O que você, estudante de Pedagogia, tem a ver com isto? Aguarde os próximos posts!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Diário de Estudante: Por que a universidade também está atrasada? Por que ainda é tradicional?


Sabe aquela história de construir conhecimento. Acreditem se quiser: em alguma aulas da universidade, esta idéia ainda não chegou. O professor fala, fala, fala. A gente finge que escuta, ou até tentar escutar, mas com uma sala barulhenta com mais de cem mulheres, fica quase impossível. Aí, a aula acaba e eu fico pensando: “O que eu vim fazer aqui mesmo?”. Sim, porque, aprender que é bom, não aprendi nada.

Não tenho dificuldade de aprendizagem, como diriam os pseudo-professores. O meu problema é que odeio perder tempo. E a faculdade é, muitas vezes, uma grande perda de tempo.

Como disse, muitas aulas teóricas são extremamente sem sentido. E não falo isto porque quero “receitas de bolos”, mas porque o professor não percebe que para qualquer aluno, em qualquer idade, o conhecimento se constrói a partir da necessidade e do interesse dele.

Assim, muitos professores não levam isto em consideração. Falam, falam, falam, mas não param para ouvir os alunos, não os questiona, não os ajuda a construir o conhecimento, mas despejam o conteúdo de determinada aula e pronto, esperam o dia da prova para verificar se aprenderam ou não. Tem alguma aula mais tradicional e arcaica do que esta?

Eu até entenderia (mentira, não entenderia, mas tentaria relevar), se o curso fosse Engenharia, Direito ou sei-lá-qual. Mas, Pedagogia???

Como pode um curso de Pedagogia ainda ser oferecido em uma universidade de maneira tradicional? Como pode um coordenador do curso permitir que os professores trabalhem exatamente co o que não devemos trabalhar em uma sala de aula, quando nos formarmos?

Sei que cada professor deve ter a liberdade para trabalhar, mas para que serve uma coordenação que não procura formas de adequar a didática do professor à realidade dos alunos. E outra? Como pode um professor-universitário ainda trabalhar tradicionalmente, quando já estudou tanto sobre a educação do século XXI?

Enquanto temos que trabalhar com projetos, sequências didáticas em sala de aula, vemos na faculdade exatamente o contrário: aulas que não privilegiam a pesquisa, com matérias soltas e trabalhos absurdamente copistas?

Isto é somente um desabafo que já queria ter feito há mais tempo. Felizmente, tenho professores que remam contra a maré e nos tratam como estudantes, e não somente como alunos, tema do meu próximo post. Aguardem!

As influências do Movimento Escola Nova nas tendências pedagógicas do Brasil

Adoramos fazer esta pesquisa. Ela fala sobre as principais tendências pedagógicas brasileiras e como elas foram influenciadas pelo Movimento da Escola Nova.

Fizemos um relato histórico sobre a Educação e a relação com a Didática, desde Comenius, até Piaget, Vygotski e Wallon.

Clique aqui

domingo, 10 de abril de 2011

Filme "O Triunfo" mostra que professor pode sim, fazer diferença na vida de alunos socialmente vulneráveis



Sabe aquela história de que é impossível mudar a situação de alunos rebeldes, sem limites e que não querem aprender? Pois é. Aqui no Brasil é muito fácil ver isto. Aliás, para quem está na área da educação ou não, o que a gent mais escuta é isto: é impossível!

Eu já sou utópica naturalmente, sem nada, nem ninguém precisar me inspirar. Mas quando assisto filmes como "O Triunfo", de Honda Haines, aí que acredito mais na educação e no papel fundamental do professor.




O filme, baseado em fatos reais, conta a história do professor Ron Clark, que sai de uma escola na zona rural da Carolina do Norte, para se aventurar em uma de Nova York. Lá, descobre alunos rebeldes e acostumados a irem mal na escola, com baixa autoestima e problemas familiares que só agravam a situação.

Este roteiro não é novidade nenhuma, afinal, temos muitos outros filmes com esta temática. Mas sabe o que é mais legal? Este filme, assim como outros, é baseado em fatos reais. Sim, este Ron Clark existe!


Olha ele aí, ao lado do ator que o interpretou no filme.

Aí eu fico pensando: Por que tantos professores que conheço não acreditam que podem mudar a vida dos alunos? Por que acham isto tão impossível?

Muitos vão falar: Não dá pra comparar Estados Unidos com o Brasil. Mas eu não concordo. Rebeldia e descrédtio na educação está em todo lugar, e só é possível mudar esta visão, quando mudamos nosso olhar em primeiro lugar.

Recomendo muito este filme! Assistam.

Ai, gente...como adoro estes filmes "utópicos-reais"!!!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Bônus para professor da rede pública de São Paulo não melhora educação no estado


Perfeita a reportagem de Marina Moreira Costa, do IG, sobre a ineficiência do bônus para os professores da rede pública do estado de São Paulo. Para ler, entre aqui.

“No Estado de São Paulo a política de bônus foi um fracasso, a Educação não saiu do lugar. O Saresp e o Idesp patinam e provam que a iniciativa não deu certo”, afirma Romualdo Luiz Portela de Oliveira, professor doutor do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação, da Faculdade de Educação da USPSegundo o especialista.

E sabem por quê? Porque os critérios são totalmente injustos. Mesmo que o professor tenha se matado com sua turma, por conta do todo, não ganha.

A reportagem mostra que os docentes da rede reclamam que os critérios do bônus não estão claros e não dependem apenas do esforço deles. Angela*, professora de português há 33 anos de uma escola estadual da zona sul de São Paulo, afirma não ter recebido a bonificação no ano em que suas turmas tiveram um ótimo desempenho. “É injusto, porque não há como mensurar o crescimento do conhecimento. Cada turma é uma turma. São seres humanos, não máquinas”, afirma.

Para finalizar, Oliveira explica que a política de bônus funciona em ambientes nos quais os profissionais se sentem em condições iguais. A política estimula a competição e espera que todos melhorem o desempenho. “Quando o professor acha que o jogo é perdido, a política deixa de ser estimuladora. Uma grande parcela já tentou, não conseguiu o bônus, nem a melhora do desempenho dos alunos e não vai tentar novamente”, avalia o especialista em educação.

Parabéns, Marina, por ter sido uma das poucas que viu a verdade sobre a porcaria do Bônus do Estado, pura ação de marketing político.

terça-feira, 29 de março de 2011

Demanda de crianças em creches é pequena em janeiro, segundo Prefeitura de São Paulo

Não vou me atentar ao assunto, mas olhem esta notícia, publicada em dezembro pela Prefeitura. Creio que não preciso falar muito, diante de números oficiais. Será que o Tribunal de Justiça não sabe ler números, só leis???

Rede Municipal oferece 6.500 vagas em creches durante as férias de janeiro

Pelo quarto ano consecutivo, a Secretaria Municipal de Educação adotará um esquema de plantão para o atendimento em creche no mês de janeiro. Serão abertas 36 unidades, que oferecerão 6.500 vagas, nas 31 Subprefeituras da capital.

Em 2010, em média, 227 crianças foram diariamente às creches abertas durante as férias, que ofereceram à população cerca de 6 mil vagas em toda a cidade. O fechamento das creches nas férias é importante para que sejam feitas manutenções e dedetizações nas unidades.

Fonte: SME

Justiça de São Paulo retira direito à férias da Educação Infantil e determina "prestação de serviço" em CEIs e Emeis


A Justiça precisa olhar para esta decisão com os olhos das crianças, as reais prejudicadas.

Enquanto achar injusta, incoerente, irresponsável e medíocre a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, me manifestarei neste blog. Hoje quero deixar o texto que foi divulgado pelo próprio Tribunal sobre a decisão de retirar o direito às férias das crianças e professores em janeiro.

Isto porque a maneira como mostramos um fato diz muito. E já que a primícia básica do jornalismo é ouvir os tantos lados que uma história tiver, aqui está o lado do Tribunal de Justiça:

"A Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve decisão da Vara da Infância e Juventude de São Miguel Paulista que determinou a prestação contínua do ensino infantil nas escolas municipais de São Paulo. Com isso, creches e pré-escolas deverão funcionar também nos meses de dezembro e janeiro.

O Município havia recorrido ao Tribunal para reverter a decisão, mas a apelação foi negada por unanimidade pelos desembargadores Maia da Cunha (relator) , Moreira de Carvalho e Maria Olívia Alves.

Para os julgadores, além do caráter pedagógico, a educação infantil também tem natureza assistencial, uma vez que seu funcionamento é essencial para que os pais possam trabalhar e obter o sustento da família.

“A educação infantil vem cumprir relevante papel ao proporcionar meios para a consecução dos fundamentos da República Brasileira consubstanciados na dignidade humana e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Esta natureza peculiar confere-lhe a qualidade de serviço público essencial, que deve ser prestado continuamente, em atendimento aos princípios da continuidade e da eficiência, sem a possibilidade de restrição de caráter infraconstitucional”, afirma o relator em seu voto.

A ação foi proposta pela Defensoria Pública do Estado. Cabe recurso da decisão.

Fonte: Tribunal de Justiça de São Paulo"

Agora, vamos aos fatos...

Em primeiro lugar, gostaria de saber até que idade uma criança deve ser cuidada. Qual a diferença de uma criança de cinco anos (que está na Educação Infantil) e uma de seis (que foi jogada para o Ensino Fundamental), uma vez que as duas precisam de cuidados?

A lógica do Tribunal foi a seguinte: as crianças não têm onde ficar em janeiro, porque os pais trabalham. Agora vem a pergunta: E a criança de seis anos, tem onde ficar? Quer dizer que ela pode ficar sozinha quando vai para o Ensino Fundamental.

Claro que não. A solução é crianças (de qualquer nível) não terem mais férias então? Claro que não. Mas isto é só para mostrar como a determinação é ridícula e míope, afinal, se as mães de crianças de 0 a 5 anos têm o "direito" de não ficarem com seus filhos nem um mês no ano, por que as mães de crianças de 5 em diante não têm o mesmo direito. Por isto acho injusta esta decisão.

Também acho injusta porque obrigando os alunos de CEIs e Emeis a irem para a escola, consequentemente, estou tirando o direito dos pais que querem ficar com seus filhos durante as férias, porque, afinal, se ele quiser ficar com seu filho nas férias, terá que fazer seu filho faltar por um mês, assim, ele perderá o primeiro mês, que é de adaptação. Ou seja, dou o direito de ser atendida (assistencialmente", mas retiro o direito do pai que percebe a importância das férias. Mais um ponto contra a decisão.

Por último, quero me atentar ao parecer do relator Maia da Cunha:

"A educação infantil vem cumprir relevante papel ao proporcionar meios para a consecução dos fundamentos da República Brasileira consubstanciados na dignidade humana e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Esta natureza peculiar confere-lhe a qualidade de serviço público essencial, que deve ser prestado continuamente, em atendimento aos princípios da continuidade e da eficiência, sem a possibilidade de restrição de caráter infraconstitucional”.

O relator usou cerca de 40 palavras para justificar sua decisão, mas em nenhum momento, usou a palavra EDUCAÇÃO. Será que foi sem querer-querendo??? Não precisa dizer mais nada, né?

Isto ainda não acabou!

Crédito da imagem: www.visaopanoramica.com.br

quinta-feira, 24 de março de 2011

CET abre inscrições para cursos gratuitos à distância

O Centro de Treinamento e Educação de Trânsito, CETET, da Companhia de Engenharia de Tráfego de SP, CET/SP, desenvolve atividades e programas educativos para os mais diferentes públicos, com o objetivo de promover maior segurança aos usuários do sistema trânsito.

Desde julho de 2010, oferece cursos gratuitos na modalidade de ensino à distância, voltados para professores, motociclistas, condutores e pessoas interessadas no tema trânsito. Veja os cursos disponíveis:

Fazendo Escola
- Curso de Capacitação de Professores do Ensino Fundamental II e EJA
- Curso de Capacitação de Professores do Ensino Fundamental I
- Curso de Capacitação de Professores da Educação Infantil

Condutores- Pilotagem Segura- Direção Segura
Público em Geral- Curso de Inclusão de Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida na Educação para o Trânsito

Para mais informações clique aqui ou pelo e-mail para ead@cetsp.com.br

Orientações Curriculares: Expectativas de Aprendizagens e Orientações Didáticas para Educação Infantil


Parece uma pergunta óbvia, mas não é. Afinal, o que significa este livro, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo?

Resolvi escrever sobre isto por causa de uma colega de faculdade, que, após ter estudado um semestre da disciplina de “Educação Infantil: Currículo”, perguntou-me, durante um trabalho: “O que é este negócio (Orientações), é um livro?”

Pois é. Não vou me atentar para o fato da colega ter estudado um semestre sobre Educação Infantil e não ter percebido o que este “livro” representa. Tampouco sobre o trabalho do professor da disciplina, que, ao meu ver, deixou a desejar em alguns aspectos.

A verdade é que muitos, tantos alunos, quanto professores, não sabe ainda o que é este livro, chamado de Orientações Curriculares: Expectativas de Aprendizagens
e Orientações Didáticas para Educação Infantil. Então, vamos lá!

Todos nós sabemos, uns mais, outros menos, que a educação formal exige um currículo, ou seja, o que devemos ensinar-aprender nas escolas. Embora, não nos atentemos para isto, a Educação Infantil também tem. Mas seu currículo não segue a lógica do Ensino Fundamental, que é dividido por disciplinas como Língua Portuguesa, História e Geografia, Ciências, Matemática, entre outras. Até mesmo porque o objetivo da Educação Infantil é outro.

A Educação Infantil é considerada como a primeira etapa da educação básica no Brasil. Não se trata de mero assistencialismo, como foi no passado, mas sim de uma fase essencial e singular para a criança se desenvolver.

Mas o que ensinar? Para isto, a SME desenvolveu as Orientações Curriculares, ou seja, não se trata de um manual a ser seguido cegamente, mas de uma orientação para nortear o trabalho do professor. Tanto que ali não existem conteúdos prontos, mas o que o aluno pode aprender naquele estágio ou ano, as expectativas de aprendizagem, e como alcançar estas expectativas, as orientações didáticas.

O material foi desenvolvido pela Diretoria de Orientação Técnica – Educação Infantil da SME, mas envolveu especialistas de diferentes áreas, além de educadores, gestores de educação, gestores de Políticas Públicas e grupo de trabalho composto por
organizações não governamentais, terceiro setor, sociedade civil e pesquisadores de
Educação Infantil ligados a Universidades ou Centros de Pesquisa.

Vale lembrar que existem Orientações Curriculares para Ensino Fundamental,Para Educação de Jovens e Adultos, para Educação Especial, entre outras.

Este documento está disponível no site da Prefeitura. Para ter conhecê-lo na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Justiça de São Paulo retira direito à férias da Educação Infantil

A Constituição Federal assegura à criança o contato com sua família (art. 227) e o Parecer nº 22/98 da CNE/CBE ressalta a importância da família no processo educativo da criança pequena.


Também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) determina em seu art. 29 que a educação infantil será complementar à ação da família e que o primeiro dever de educar pertence ao núcleo familiar.


Mesmo considerando que o espaço na educação infantil (CEIs e Emeis) seja prazeroso e importante para o desenvolvimento das crianças atendidas, não deixa de ser uma obrigação para a criança sair do seu aconchego familiar. Nós, professores e profissionais que atuamos na educação infantil, percebemos como é visível o cansaço das crianças quando estamos próximos do encerramento do ano e a necessidade de um tempo para descanso e maior contato familiar.


Sabe-se que quanto menor a criança maior a necessidade de atenção e contato com seus pais, amigos e parentes. Entretanto, o que acontece é o contrário: quanto menor a criança maior o tempo de atendimento pelas escolas.


É preciso considerar a necessidade de manutenção dos prédios. Quando serão feitas pinturas, consertos e outras atividades de manutenção? Nunca ou com as crianças frequentando o espaço, o que é inadmissível, pois obras e consertos colocam em risco a segurança das crianças.


A Justiça, pelo que se entende, deveria zelar, em primeiro lugar, pela defesa daqueles que não têm poder de se defenderem sozinhos, como é o caso das crianças que não possuem condições de reclamar e decidir o que consideram melhor e que, com certeza, seria ficar no aconchego de seu lar, ao menos alguns dias por ano.


É preciso consultar as mães e pais das crianças sobre a ação do Poder Judiciário que limita o direito da criança ao convívio familiar, impondo-lhe uma jornada educacional em janeiro, período tradicional de convívio entre a criança e sua família.


Posicione-se. Reúna sua comunidade e discuta este ataque à família e aos direito das crianças.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Paulinas lança dois livros sobre Educomunicação

Novidade boa a gente conta mesmo sem ganhar nada com isto. A Editora Paulinas lançou dois livros sobre Educomunicação, a área-chave deste blog.

O primeiro, Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação – contribuições para a reforma do Ensino Médio, aborda várias pesquisas do Núcleo de Comunicação e Artes da USP que visam acompanhar e entender o universo jovem, fazendo do processo educacional o ponto de partida para as principais transformações econômicas e sociais do país. O livro foi escrito por Ismar de Oliverira Soares, o cara mais entendido no assunto aqui no Brasil (e que eu já tive a oportunidade de conhecer pessoalmente). Olha a capa aí:



O segundo, Educomunicação – construindo uma nova área de conhecimento, é uma coletânea de artigos nacionais e internacionais publicados originalmente na Revista Comunicação e Educação e compilados pelos professores Adilson Citelli e Maria Cristina Castilho Costa, do Departamento de Comunicações e Artes da USP. Aí está a capa do segundo:



Pois é. Meu caminho solitário não é tão solitário assim...

MEC institui “provão” para professor – Um passo rumo à qualificação

O Ministério da Educação instituiu a prova nacional de concurso para o ingresso na carreira docente, que será realizada uma vez por ano, de forma descentralizada, em todas as unidades da Federação. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) será o responsável pela coordenação e aplicação da prova, prevista para 2012. Segundo o MEC, a participação do professor é voluntária.

Creio que este é um belo passo para começar a avaliar os profissionais. Acho, inclusive, que futuramente, isto deva ser obrigatório. Afinal, quem estiver em contínua formação, não precisará temer esta prova.

Sabemos que o Brasil engatinha quanto à formação de seus profissionais de educação. Muitos, por falta de opção ou condição, acabam estudando Pedagogia ou outra licenciatura pelo baixo custo do curso. Muitos jovens que percebem a necessidade em “fazer uma faculdade” optam por estes cursos sem realmente estarem interessados nele. A lógica é a seguinte: se eu desistir, não terei perdido tanto dinheiro, em comparação com outros cursos.

Além disto, a oferta ainda é enorme. Muitas faculdades começam com os cursos de Pedagogia e Administração, pois são cursos que (aparentemente) precisam de poucos recursos, ao contrário de Medicina, por exemplo, que requer equipamentos de última geração, elevando o custo do curso. Assim, qualquer escolinha obtém a autorização do MEC para funcionar e começa com Pedagogia. Não estou falando que as portas para novas faculdades tenham de ser fechadas. Mas é preciso maior rigor na fiscalização, pois muitas começam (e permanecem) sem condições de formar um professor.

E a última questão é a disparidade entre o aluno de Pedagogia e licenciaturas da universidade particular e o da pública. A realidade é a seguinte: quem estuda em universidade pública forma-se para pensar. Quem se forma em particular, é formado para obedecer quem pensa.

Pode parecer coisa do outro mundo, mas é o que acontece. Quantos alunos de Pedagogia da USP a gente vê dando aula, principalmente na rede pública? Os de licenciatura acabam indo para a indústria do vestibular, dando aulas em cursinhos para quem pode pagar. E quem não vai para estes lugares, fica na universidade mesmo, como pesquisador, desenvolvendo pesquisas sem nunca ter entrado em uma sala de aula.

Já o estudante de universidade particular, quer o diploma rápido para entrar no mercado de trabalho, passar em concurso público e “amarrar o burro”. Quanta diferença.

Não acho que os dois lados estejam errados. Mas acredito que para um país que garanta ensino de qualidade a todos, é imprescindível que o professor assuma sua condição de pesquisador, e o pesquisador assuma sua condição de professor. Afinal, a tão falada práxis só acontece quando estas duas coisas, teoria e prática, se unem.

Eu quero sim, estudar muito, fazer Mestrado, Doutorado, mas não passo perder de vista a sala de aula, caso contrário, serei mais uma teórica-do-mundo-da-lua ou uma praticante-de-teorias-utópicas-irrealizáveis.


Para ver a portaria e a matriz de referência, clique aqui e aqui.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Diário de Professor: Desabafos sobre inclusão de pessoas com necessidades especiais


Já quero informar que não sou especialista na área de inclusão social. O que falarei aqui vai muito mais da minha (pouca) experiência e da lógica humana que todos deveríamos ter do que em comprovações científicas.

Para resumir a história, que todo estudante e professor está cansado de saber, muitos não acreditam na inclusão de alunos com necessidades especiais nas salas de aula. E para falar sobre o assunto, colocarei aqui algumas coisas que ouvi de algumas colegas. Quem se identificar com os relatos, por favor, perdoe-me, mas este blog é meu desabafo, e respeitando a privacidade de cada, contarei sim, o que ouço por aí.

Ouvi uma colega dizer mais ou menos o seguinte:

"Não acredito na inclusão, sabe Dayane, porque o mundo é cruel. Aqui nós acolhemos e recebemos esta criança e os alunos gostam delas. Mas à medida que elas crescem, os coleguinhas já não querem mais ser amigos destas crianças. Ninguém a convida para o baile de formatura. Estas pessoas deveriam estudar em escolas específicas, pois assim se relacionariam com pessoas como elas. Assim, não sentiriam falta da sociedade cruel, que a exclui, pois teria seus próprios amigos".

Acreditem ou não. Esta professora, que preciso falar, gosto muito, disse isto. Tudo isto!

Eu compreendi sua preocupação com o mundo, que realmente é cruel. Mas a coisa mais óbvia para que este mundo saiba conviver com pessoas com necessidades especiais é conviver com elas!

E isto deve sim, começar na escola. Aliás, deve começar (e já começou) em casa. Antigamente estas pessoas eram confinadas por anos e anos dentro de suas casas. Hoje, felizmente, as famílias perceberam que estas pessoas têm o direito de conviver em sociedade, seja esta acolhedora ou cruel. Todo ser humano passa por isto!

E é na escola que elas poderão, sim, aprender a lidar com o preconceito, com a discriminação, com a aceitação de sua condição. É na escola que as crianças aprenderão desde cedo a respeitar as diferenças, pois todos somos diferentes.

Agora aqui é apresentado outro problema. A exclusão não está nos alunos, mas nos professores. São eles que não acreditam que a "simples" socialização não traz resultados. São eles que esperam uma massa de alunos que se desenvolvam da mesma maneira, no mesmo tempo. São os professores que não acreditam que um simples piscar de olhos, uma lágrima, um abraço, um sorriso, são coisas demais a serem levadas em consideração quando o assunto é desenvolvimento.

Por último, não quero ser utópica. Sei que as condições para os professores trabalharem com estes alunos não são as melhores. Falta acessibilidade. Faltam equipamentos adequados. Faltam recursos humanos. Mas isto não é desculpa para privar uma criança, seja ela como for, do direito à educação de qualidade.

A escola não tem estrutura? Brigue por melhores condições!
A família não apoia? Peça ajuda ao Conselho Tutelar!
Você não está preparado para lidar com alunos com necessidades especiais? Prepare-se! Estude! Corra atrás. Isto faz parte de sua profissão.

Ninguém é enganado quando vai fazer Pedagogia. Na grade curricular já está lá a disciplina sobre inclusão. Consequentemente você sabe que fará parte de seu ofício.

E se mesmo assim, você não acreditar que a inclusão é possível, MUDE DE PROFISSÃO! É a coisa mais digna a se fazer se perceber que não é capaz.

Dedico este texto às colegas que conversaram comigo sobre o assunto. Por favor, não levem a mal. Este desabafo é só o meu lado da história. Ninguém é obrigado a concordar. Mas devemos respeitar. Eu não concordo, mas respeito o trabalho de vocês, principalmente porque vocês reclamam, mas na hora "H", fazem o trabalho bem feito. Parabéns!

Mediocridade, hipocrisia e miopia: Justiça decide que creches de SP não podem tirar férias

Baseando-se em uma visão medíocre, hipócrita e míope, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou à Prefeitura de São Paulo que mantenha as creches e pré-escolas abertas durante as férias de janeiro. Isto porque entendeu que estes locais constituem um serviço público essencial, não apenas relacionado à educação, mas à assistência social.

Ora, em um país hipócrita, que somente fala que educação é importante, mas não age para garantir uma educação de qualidade para todos, não é de se admirar que esta decisão tenha saído do tribunal do maior estado do país.

Mesmo com todos os exemplos de outros países e estudos que comprovem a importância da Educação Infantil para o desenvolvimento humano, o país, e ora, São Paulo, ainda vê esta área da Educação (sim, esta área é tão educacional ou até mais que as outras) como “assistencialista”.

Embora saibamos da realidade de nosso país, enquanto não mudarmos esta visão medíocre de que as creches só existem para as mães terem onde deixar seus filhos, não atingiremos mesmo, nem em 50 anos, a qualidade dos países desenvolvidos no que diz respeito à educação.

Embora o discurso seja um, de que a Educação Infantil faça parte da educação básica de nosso país, na prática, isto não acontece, pois desde as famílias até as instâncias superiores, a descrença causa decisões deste tipo.

Assim como qualquer nível de educação, os alunos das creches e emeis precisam, sim, de férias. Afinal, a própria Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) afirmam que a educação é um processo que ocorre na família, na escola e na sociedade. Sendo assim, as crianças precisam ter um tempo com seus pais.

Além disto, é neste período que as manutenções ocorrem, afinal, o que ficaria prejudicado, pois nem todas as reformas são possíveis com os alunos em aula.

E por último, é inaceitável que os poderosos deste país ainda vejam os professores de Educação Infantil como meros “cuidadores de crianças”. Pois é neste período que nós, profissionais cientes de nossa responsabilidade com a educação, planejamos o ano letivo, pensamos sobre nossas práticas, fazemos cursos, tendo em vista que iniciaremos e terminaremos um trabalho, junto com os alunos, pais e com a comunidade.

Não esqueço o problema dos pais que têm que trabalhar, mas por que estes mesmos pais conseguem “dar um jeito” quando seus filhos mais velhos entram de férias e não o conseguiriam com os menores?

A Prefeitura mesmo já mostrou que a demanda por creches em janeiro é muito pequena. E ainda que faltem vagas, como reclamaram os defensores públicos que atuam em São Miguel Paulista, o caminho não é generalizar.

O certo a se fazer, neste caso, é fazer um levantamento de quantas crianças precisam ser deixadas nas creches neste período, convocar profissionais que queiram trabalhar e abrir as escolas conforme a demanda.

Não podemos ser tratados como uma massa uniforme, mesmo em uma cidade com onze milhões de habitantes. Somos indivíduos e precisamos ser respeitados como tal.

Espero com muita fé que a Justiça perceba o erro que comete, e volte atrás em sua decisão. Pois...

“O homem nada mais é do que aquilo que a educação fez dele".
Emmanuel Kant

Comentários sobre o vídeo "Inteligência”, de Pierluigi Piazzi



Por que nosso sistema educacional não funciona? Por que fazemos tantas provas e depois delas, esquecemos tudo o que (achávamos) que tínhamos estudado? Por que a Finlândia tem a melhor educação do mundo? Qual a diferença entre aluno e estudante?

Estas e outras questões profundas são abordadas de maneira simplesmente brilhante pelo professor Pierluigi Piazzi, autor dos livros “Aprendendo Inteligência”, “Incentivando Inteligência” e “Ensinando Inteligência”.

Em uma palestra sobre o assunto, o professor começa mostrando que aluno e estudante são palavras antagônicas. Pois para ele, aluno é “aquele que assiste aula”, pois trata-se de uma ação coletiva e passiva. Já estudante, é o que aprende, em uma ação solitária e isolada.

O professor explica, durante cerca de uma hora, como nosso cérebro funciona, e mostra que nunca é tarde para desenvolvê-lo. Sim, porque inteligência se aprende. Todos temos capacidade.

Ele explica que para que o aluno consiga realmente aprender, e não simplesmente decorar, é preciso estudar depois de ter assistido a aula. Este é o grande segredo da educação finlandesa: os alunos ficam na escola em tempo integral. Pela manhã, assistem a aula, coletivamente, e durante a tarde, além das atividades esportivas, cada criança tem seu espaço para rever, aprender o que viu durante a manhã, em uma ação solitária e ativa. Simples assim!

Piazzi também revela a importância desta rotina ser seguida diariamente, já que a aprendizagem do ser humano é feita diarimente, e não por bimestres, semestres, anos ou ciclos. Neste ponto, o professor questiona nosso sistema de ensino, que avalia o aluno pouquíssimas vezes, não permitindo que este possa colocar o que viu em prática. Mais que ganhar notas, provas são tarefas que auxiliam na construção do conhecimento.

O professor defende que o sistema brasileiro deve mudar as regras, e não as pessoas. Assim, defende três atitudes que mudariam o rumo da educação: o professor voltar a ter o direito de ser o único a falar em sala de aula, durante a explanação do conteúdo, o aluno estudar, não para passar na prova, mas para aprender, e isto, diariamente, e não um dia antes dela, e a última, ler. E neste último ponto, lembra que nossos vizinhos argentinos “dão um banho no Brasil”, já que “só Buenos Aires tem mais livrarias que o Brasil inteiro”.

Sobre a primeira mudança, ele comenta que a televisão teve grande participação, já que as pessoas aprenderam a falar e ignorar quem está falando ao seu lado. Assim , o professor passa a ser na aula, simplesmente mais uma pessoa a falar sozinha, como a televisão. Sem demonizá-la, Piazzi lembra que devemos usá-la, como a qualquer outro aparelho eletrônico. Se realmente não a estivermos usando no momento, que a desliguemos e poupemos nossos ouvidos. Assim, durante a aula, devemos prestar atenção no professor, que está nos dando informação para que mais tarde, sozinhos, possamos aprender sobre o que ele falava.

A segunda atitude diz respeito ao sentido de estudarmos. Infelizmente, desde o ensino fundamental até a pós-graduação, estudamos para tirarmos boas notas, mas não para aprender. Prova disto, é que estudamos um dia antes, e não diariamente. Isto faz com que decoremos o assunto para o momento, e depois o esqueçamos.

Por último, ele fala sobre a importância de sermos autodidatas. Para ele, quanto mais velhos ficamos, mais autodidatas devemos ser. Assim, a cada ano escolar, as aulas perdem a importância e dão espaço ao estudo solitário e autodidata. Mas para isto, lembra que é imprescindível a interpretação de texto e um bom vocabulário, que só conseguimos com a leitura.

Lembro-me que algumas vezes, tentei fazer isto, instintivamente. Na oitava, anotava em uma agenda o que tinha visto durante a aula, mas isto, durou poucos dias.

Achei muito interessante também a parte que o professor fala sobre a importância do professor passar tarefas, e diz que para aqueles que estudam a noite, é preciso realizar as tarefas depois das aulas, antes de dormir. Pensando no curso de Pedagogia, creio que todos os professores deveriam fazer isto: após a explanação, passar alguma tarefa para ser feita no dia.

Sobre leitura, não tenho dificuldades, e sei a importância disto. Aprendi a ler muito cedo e tudo foi natural para mim. E com o passar do tempo, minhas preferências foram aumentando. Consigo ler livros técnicos com a mesma empolgação que lia os livros da coleção “Para Gostar de Ler”, muito presentes em minha infância.

Enfim, a palestra abre nossos olhos para o quanto precisamos mudar nossa postura enquanto estudantes e futuros professores.

Obs: Para assistir a palestra toda, entre no You Tube e acompanhe as oito partes. Esta é só a primeira.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Diário de Professor: O Carnaval simplesmente especial nas escolas municipais!


Não sou daquelas pessoas que amam o Carnaval, mas também não deixo uma festa (saudável) por nada neste mundo. E o que vi nas duas escolas em que trabalho, um CEI e uma EMEI, foi algo simplesmente maravilhoso. Isto: SIMPLESmente maravilhoso.

Isto porque não tivemos alunos com fantasias caríssimas, pomposas e cheias de frescura. Vi crianças com capas de camiseta, faixas coloridas, enfeites no cabelo, ou seja, nada especialmente caro, mas produtivamente criativo.

Isto porque o Carnaval nas escolas municipais não é regado de exibicionismo de "quem-tem-a-melhor-fantasia". Todos se divertem, não importa se estão fantasiados ou não. Todos estão felizes.

Ao som de marchinhas e músicas do cotidiano das crianças, todo mundo entra na dança. A gente pula, brinca, dá risada e se diverte. Tudo muito simples. Tudo muito criança. Porque não são elas que escolhem roupas caras e de marcas. A criança nasce simples. na verdade, nasce pelada. A gente é que complica a vida delas!

Bom Carnaval!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Diário de aluna: A Internet no meu dia-a-dia

Hoje resolvi dedicar um tempo para falar sobre a importância da Internet no meu dia-a-dia. Tão presente quanto o comer ou o vestir, esta tecnologia, que tem revolucionado o mundo, também revoluciona minha vida, nos mais simples detalhes.

Sou dona-de-casa, estudante, professora, membro de uma igreja, enfim, muitos títulos, e com isto, muitas tarefas. E em todos elas, encontro-me diante do "tec-tec" do teclado e do "silêncio ensurdecedor" do computador.

Seja para ver aquela receita rápida com as sobras da janta do dia anterior, ou para ver as fotos do último culto da Igreja, ou para buscar novas atividades para meus alunos, ou para conversar com minha mãe, a net, para os mais chegados, me acompanha em tudo que faço.

Sou blogueira assumida e usuária de redes sociais e escolho as informações que quero ter. Assino abaixo-assinados virtuais e compartilho o que sou na Net.

Acredito que a Internet é mais do que uma rede. Ela sou eu. Ela é o mundo. Ela é você.


PS: Este texto faz parte de uma atividade da disciplina de Tecnologias da Informação e da Comunicação, ministrada pelo professor Marcio Elgen Klingenschmid Lopes dos Santos.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Diário de Professor: Disciplinas do segundo ano de pedagogia

A faculdade começou semana passada e terei as seguintes matérias:

Fundamentos Metodológicos do Ensino de Matemática

Alfabetização e Letramento

Fundamentos Metodológicos do Ensino de Ciências

Tecnologias da Informação e da Comunicação (EAD)

Fundamentos Metodológicos do Ensino de História e de Geografia

Organização do Trabalho Docente

Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e de Música

A Prática Política na Educação (Matéria optativa)

Espero que as aulas realmente auxiliem na minha Práxis.

Feliz ano letivo de 2011!!!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Diário de Professor: Estereótipos e preconceitos à vista! - Parte 2

Continuando a reflexão do último post, mais uma coisa me chamou atenção e me motivou a ser ainda melhor, tanto na particular, quanto na pública.

Todos sabemos que para um professor concursado ser exonerado, algo muito grave deve ter feito. Ou seja, trabalha, realmente, quem quer.

E é aí que entra o mérito dos professores de verdade: eles trabalham direito por prazer, e não porque têm medo de serem demitidos, como acontece na particular.

Se a gente der uma "voltinha" pela Internet vai perceber que muitas escolas públicas já vem derrubando estes estereótipos de acomodados e incompetentes. E o melhor: fazem isto porque são livres para fazer!

Afinal, trabalhamos na rede particular obedecendo regras impostas, paparicando pais, e ainda por cima, sendo chamadas de "tias".

Já na escola pública, quem trabalha, trabalha porque é livre. Não dorme pensando que amanhã pode ser mandada embora porque não chamou o filho da fulana de "príncipe".

E algumas escolas já mostram, com orgulho, o resultado do esforço, por meio de blogs. E isto, não é para chamar mais alunos, pois demanda sempre haverá. Mais uma vez: é pela liberdade de poder fazer o que se deve fazer.

Obs: Não tenho o que reclamar da escola. Sei que, se estou lá, devo respeitar todas as regras. E isto é fichinha. Difícil é ter que aguentar gente falando de escola pública. Aí, eu viro o bicho mesmo!

Quer colocar o filho na particular? Vá com Deus!
Quer trabalhar a vida inteira na particular, ganhar pouco e ainda ser chamada de "tia"? Deus te abençoe!!!

Só não venha reproduzir asneiras, que só fazem bem ao sistema, que deseja mesmo que a gente acredite cada vez menos na escola pública, que não é de graça e é direito de todos!

Diário de Professor: Primeiros dias de aula na rede particular - Diferenças e semelhanças com a escola pública

Sabia que alguma hora a conversa "particular e pública" aconteceria. Só não achei que seria tão rápido!

Esta semana iniciei as aulas na escola particular que comentei no último post. E desde semana passada, no planejamento, já havia notado algumas diferenças. Entre elas, ver como algumas professoras reclamam de "barriga cheia", a ponto de falar que ter cinco crianças no jardim (entre 3 e 4 anos), exigiria uma auxiliar quase que integralmente, "pois não dá pra dar conta de cinco, afinal, só existem dois braços para pegar duas crianças no colo).

Aquele dia tentei entender a situação da professora, afinal, a sala só tem alunos novos, muito pequenos e que chegam assustados (pelo ambiente, mas principalmente pelo drama que os pais fazem). Mas não pude deixar de pensar: "Caramba! Ela reclama de ter cinco alunos. Professor da Prefeitura tem de dar conta de 35!!!".

Passou o feriado e a escola voltou em seguida. Os alunos todos uniformizados, cheirosos, quase todos com o material escolar pedido na extensa lista, enfim, o paraíso.

Todos os alunos da minha sala estudavam na escola. Assim, todos já conheciam e foi aquela felicidade voltar às aulas. Percebi que alguns já estão alfabetizados e somente uns dois ou três estão pré-silábicos. Ah! Esqueci de falar: minha sala tem 14 alunos!

Os dois primeiros dias foram interessantes. O ritmo é completamente diferente da Educação Infantil. Lá, eles param, ouvem e ficam quietos, esperando os outros terminarem a lição!

Na Educação Infantil, de quinze em quinze minutos você acaba mudando a atividade, pois o tempo de concentração é muito pequeno. Confesso que achei meus alunos mais sérios do que eu. Isto porque brincadeiras bobas, que dariam certo na EI, como falar com uma voz diferente ou fingir que vai fazer cócegas, tiveram sorrisos muito tímidos. Eles são mini-adultos que não podem mais brincar no parque, nem trazer brinquedos toda sexta-feira.

Neste ponto, também já notei o que significa escola particular: conteúdo. Ali, não importa se o aluno tem 15 ou 5 anos. Todos estão para estudar. Brincar não é a linguagem da criança e o meio pelo qual podemos ensinar. Logo, eles deixam de ser crianças muito cedo. Mesmo entrando mais cedo no Ensino Fundamental, o que nos leva a pensar que a maneira de ensinar deve levar em conta esta característica, "saiu da Educação Infantil, deixou de ser criança". E aí, como ouvi uma professora dizer: eles não tem tempo pra brincar. Tem que passar conteúdo.

Finalmente uma semelhança: nem a escola pública, nem a particular sabem lidar com as crianças de seis anos no Ensino Fundamental.

Mas até aí, estava tudo indo razoavelmente bem, até que...

Leiam o próximo post!

Diário de Professor: Estereótipos e preconceitos à vista!

Eu já sabia que existe uma certa "diferença" entre professores da rede pública e da particular. Diferença no sentido de cada um ter um estereótipo formado do outro. Para explicar melhor, vou relatar o que aconteceu comigo hoje.

Estávamos no intervalo, quando uma professora perguntou-me se minha mãe era professora (pois eu fui indicada por uma professora de lá e que também trabalha na rede pública, com minha mãe). Respondi que sim. Ela comentou sobre minha mãe, meu irmão e eu sermos professores e, como é de costume, soltou um "coitados".

Nisto, uma outra professora também entrou na conversa e disse que quando alguém lhe fala que está fazendo Pedagogia, ela diz um "boa sorte", ironicamente, claro.

Comentei que eu não achava a área ruim, pois já tinha experimentado outras e vi que ela era bem melhor, pelo menos para mim. (Não sei se já comentei aqui, mas o principal motivo da troca é que na educação, só aguento adulto de vez em quando, em reunião de pais. Trabalhar com criança é mil vezes melhor).

E aí que a outra respondeu que havia trabalhado no Estado (de São Paulo) três anos e enfatizou "PARA NUNCA MAIS".

Quando ela falou assim, já desanimei. Achei que poderíamos ter algo em comum, já que eu sou professora da rede pública também. Mas como o que é ruim pode sempre piorar, ela metralhou, junto com a outra, um monte de coisas sobre suas experiências mal sucedidas na rede pública.

Disse que lá não dá pra trabalhar, pois não tem material, os alunos são desinteressados, a estrutura é ruim. E por aí vai.

A outra, pra piorar, ainda disse que saiu da rede pública porque os alunos não tinham roupa e iam fedidos. Disse ainda: "eu saia da sala com aquele cheiro".

Já estava de saco cheio de ouvir, mas elas continuaram. Uma disse que gostava de escola particular porque se tem estrutura para trabalhar, pois professor tem que dar o sangue, coisa que concursado não faz! Peraí!!! EU SOU CONCURSADA!!!

Nossa: e continuaram dizendo que "professor da rede pública só prestava concurso para "amarrar o burro" e não trabalhar". "Que professor de escola pública ganha bem para não fazer nada".

Eu estava calma e não retruquei, mas isto meu deu tanto ânimo pra escrever na madrugada...vamos lá!

Em primeiro lugar, esta conversa não difere em nada do que já ouvimos por aí. E o pior, isto mostra o quanto nossa categoria é desunida. Uns falam reproduzem esteriótipos por aí sem pensar nas consequências.

Tudo bem. Sei que tem muito "professor" que faz isto aí mesmo. Presta um concurso, passa e amarra o burro. Também é verdade que a rede pública, pelo menos em São Paulo, paga melhor que muitas, e muitas escolas particulares. E pasmem: mesmo as particulares consagradas pagam um miséria.

Mas a razão delas para por aí. Primeiro. Elas desistiram de pegar grandes desafios. Afinal, o que é mais difícil: trabalhar com crianças cheirosas, limpinhas, bem cuidadas, com materiais e roupas de marca e, principalmente com o apoio e cobrança dos pais, ou com aquelas que não tem nem o que comer em casa, moram em favelas, andam pra chuchu pra chegar à escola, e ainda são trazidas pelo irmão mais velho, de apenas oito anos?

Quando prestei o concurso, sabia da estabilidade e do "bom" salário. Mas também sabia que poderia encontrar filhos de mães solteiras, que dão pouca atenção ao filho, que por sua vez, vão mau cheirosos à escola. E é isto que motiva: fazer diferença para quem precisa muito da minha ajuda.

Não que os alunos da particular não precisem, mas ali, eu sou apenas mais uma "tia". Para muitos da pública, eu sou a única esperança!

O desabafo não acaba aqui! Aguardem o próximo post!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Diário de Professor: Desafio à vista - Alfabetização

Sabemos que a alfabetização e o letramento ocorrem desde que nascemos, afinal, sempre estamos em contato com o mundo letrado. Por conta disto, sempre estimulei muito a leitura e escrita entre meus alunos da Educação Infantil e alguns, antes de chegar ao pré, já estavam lendo.

Mas é no Ensino Fundamental que a expectativa em torno da alfabetização se torna concreta, afinal, nesta fase, eles já estão maduros para isto.

E hoje aceitei assumir uma sala de segundo ano, antiga primeira série. O que isto lembra? Claro! É o ano da alfabetização. Que desafio!!!

Na minha última postagem no Diário de Professor, havia comentado que na Prefeitura de São Paulo ficarei como módulo, ou seja, eventual.

Como tinha as tardes livres, e sempre tive vontade de trabalhar nesta escola particular aqui perto de casa, aceitei o desafio, mas confesso: estou com medo!

Sim, estou com medo. Afinal, sempre fui professora de Educação Infantil, e agora, serei também de Fundamental. Ou seja, terei que estudar muito mais.

Não que não estude para EI, mas agora terei de estudar outras coisas. Não sei qual é mais difícil. Aliás, as duas áreas são difíceis. Espero compartilhar aqui as diferenças entre EI e EF.

Uma coisa que também achei bem legal é que trabalharei na rede pública e também na particular. Quero muito aprender nas duas, pois sei que as duas têm muito a acrescentar em minha formação, que é eterna, ou como dizem por aí, "continuada".

Vamos lá! Feliz 2011!!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Concursos: Prefeitura de Suzano e HSPM

Oi, gente

Meu lado jornalístico não pode deixar de comentar sobre os concursos para professores, na Prefeitura de Suzano, região metropolitana de São Paulo e para o Hospital do Servidor Público Municipal.

Para a Prefeitura, com inscrições abertas já, é preciso ter Pedagogia, mas para o HSPM, que só lançou o edital por enquanto, o Magistério vale.

Não farei nenhum do dois, mas fica a dica para quem quiser.

Seguem os links com mais informações:

Prefeitura de Suzano

HSPM

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Herman Voorwald planeja gestão com ampla participação da rede e reorganização do ensino

Novo Secretário de Estado da Educação adianta que as principais
decisões da Pasta serão tomadas com o envolvimento de toda a rede;


Proposta de reorganização do Ensino Fundamental e Médio, que será
formatada e apresentada ao governador terá prioridade, assim como o comprometimento e a valorização dos servidores



O novo Secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, recebeu o cargo destacando que a nova gestão será marcada pela priorização de questões como a valorização dos servidores, o comprometimento de todos os envolvidos - e em todas as esferas - com a Educação no Estado e, principalmente, com a implementação de um processo que garanta o aprendizado dos alunos no Ensino Fundamental e Médio. Para isso, o reconhecimento dos professores e servidores administrativos, a implementação de uma nova proposta de avaliação dos alunos e as parcerias serão pontos fundamentais. A experiência adquirida em 30 anos no setor de ensino superior da rede pública e o apoio do Governo Geraldo Alckmin serão pontos de apoio primordiais para que estes planos sejam colocados em prática, segundo avaliou o novo secretário.

“Agradeço pelo voto de confiança do governador Geraldo Alckmin, que apostou em um ex-reitor de universidade para atuar nas esferas do Ensino Fundamental e Médio. Fico orgulhoso por fazer parte de uma gestão que pretende priorizar a Educação na prática, muito além do discurso”, disse Voorwald durante a cerimônia de transmissão de cargo.

Parcerias

Para o novo secretário, o envolvimento das universidades estaduais na melhora da qualidade do ensino é possível e importante, dada a capacidade e potencial de formulação de parcerias entre Unesp, Usp e Unicamp com a Secretaria de Estado da Educação. “A excelência do setor de ensino superior foi conquistada graças à preocupação de formar bem. E esse conceito deve também ser aplicado aos alunos dos Ensinos Fundamental e Médio”, destacou o Secretário.

Ainda sobre a possibilidade de estabelecer parcerias, um projeto de aproximação com a Prefeitura de São Paulo para a criação de 200 mil vagas em creches por todo o Estado também está na pauta. Em geral, a construção de creches é de responsabilidade dos municípios, mas o Governo do Estado acenou com a intenção de investir cerca de R$ 1 bilhão no setor durante a atual gestão. O Estado será responsável pela estrutura física das creches e as prefeituras pelo fornecimento de mão de obra - funcionários, educadores e professores.

De progressão continuada à reorganização do ensino

A formação dos alunos será prioridade absoluta na nova gestão e, por isso, um sistema de reorganização do ensino já está sendo planejado. Além de permitir uma avaliação individual do aprendizado dos alunos a cada semestre e, a partir dos indicadores obtidos oferecer um modelo de recuperação eficiente quando necessário, o processo permitirá que a aprovação seja baseada no conhecimento adquirido e não em um processo padrão.

“A repetência ou reprovação não solucionam as deficiências do processo de aprendizado, além de serem insuficientes para determinar a capacidade ou não de o aluno aprender. Muitas vezes a falha está no método e não no indivíduo e, por isso, uma avaliação a cada seis meses, por exemplo, pode apontar o que de fato o aluno aprendeu, além de indicar o que precisa ser suprido por meio de uma recuperação imediata”, avaliou Voorwald. Este modelo sinaliza o que pode vir a fazer parte do projeto final, que ainda será formatado, depois apresentado ao governador e discutido com toda a rede para, então, ser implementado em 2012.

Outro ponto alto da nova gestão da SEE é a valorização dos servidores. Para o Secretário, o comprometimento de todos os envolvidos na Educação, em todas as esferas, será primordial para a melhora do ensino como um todo. “Educação não se faz por portaria ou decreto; educação é gente. É ter todas as pessoas envolvidas no processo, realmente comprometidas em formar bem. Por isso, a prioridade da gestão é a valorização dos professores e todos os servidores ligados à Educação. Devemos contemplar todas as áreas da Secretaria para valorizar, sobretudo, o magistério paulista”, finalizou o novo Secretário da Educação.