sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Diário de Professor: Primeiros dias de aula na rede particular - Diferenças e semelhanças com a escola pública

Sabia que alguma hora a conversa "particular e pública" aconteceria. Só não achei que seria tão rápido!

Esta semana iniciei as aulas na escola particular que comentei no último post. E desde semana passada, no planejamento, já havia notado algumas diferenças. Entre elas, ver como algumas professoras reclamam de "barriga cheia", a ponto de falar que ter cinco crianças no jardim (entre 3 e 4 anos), exigiria uma auxiliar quase que integralmente, "pois não dá pra dar conta de cinco, afinal, só existem dois braços para pegar duas crianças no colo).

Aquele dia tentei entender a situação da professora, afinal, a sala só tem alunos novos, muito pequenos e que chegam assustados (pelo ambiente, mas principalmente pelo drama que os pais fazem). Mas não pude deixar de pensar: "Caramba! Ela reclama de ter cinco alunos. Professor da Prefeitura tem de dar conta de 35!!!".

Passou o feriado e a escola voltou em seguida. Os alunos todos uniformizados, cheirosos, quase todos com o material escolar pedido na extensa lista, enfim, o paraíso.

Todos os alunos da minha sala estudavam na escola. Assim, todos já conheciam e foi aquela felicidade voltar às aulas. Percebi que alguns já estão alfabetizados e somente uns dois ou três estão pré-silábicos. Ah! Esqueci de falar: minha sala tem 14 alunos!

Os dois primeiros dias foram interessantes. O ritmo é completamente diferente da Educação Infantil. Lá, eles param, ouvem e ficam quietos, esperando os outros terminarem a lição!

Na Educação Infantil, de quinze em quinze minutos você acaba mudando a atividade, pois o tempo de concentração é muito pequeno. Confesso que achei meus alunos mais sérios do que eu. Isto porque brincadeiras bobas, que dariam certo na EI, como falar com uma voz diferente ou fingir que vai fazer cócegas, tiveram sorrisos muito tímidos. Eles são mini-adultos que não podem mais brincar no parque, nem trazer brinquedos toda sexta-feira.

Neste ponto, também já notei o que significa escola particular: conteúdo. Ali, não importa se o aluno tem 15 ou 5 anos. Todos estão para estudar. Brincar não é a linguagem da criança e o meio pelo qual podemos ensinar. Logo, eles deixam de ser crianças muito cedo. Mesmo entrando mais cedo no Ensino Fundamental, o que nos leva a pensar que a maneira de ensinar deve levar em conta esta característica, "saiu da Educação Infantil, deixou de ser criança". E aí, como ouvi uma professora dizer: eles não tem tempo pra brincar. Tem que passar conteúdo.

Finalmente uma semelhança: nem a escola pública, nem a particular sabem lidar com as crianças de seis anos no Ensino Fundamental.

Mas até aí, estava tudo indo razoavelmente bem, até que...

Leiam o próximo post!

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