quinta-feira, 31 de março de 2011

Bônus para professor da rede pública de São Paulo não melhora educação no estado


Perfeita a reportagem de Marina Moreira Costa, do IG, sobre a ineficiência do bônus para os professores da rede pública do estado de São Paulo. Para ler, entre aqui.

“No Estado de São Paulo a política de bônus foi um fracasso, a Educação não saiu do lugar. O Saresp e o Idesp patinam e provam que a iniciativa não deu certo”, afirma Romualdo Luiz Portela de Oliveira, professor doutor do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação, da Faculdade de Educação da USPSegundo o especialista.

E sabem por quê? Porque os critérios são totalmente injustos. Mesmo que o professor tenha se matado com sua turma, por conta do todo, não ganha.

A reportagem mostra que os docentes da rede reclamam que os critérios do bônus não estão claros e não dependem apenas do esforço deles. Angela*, professora de português há 33 anos de uma escola estadual da zona sul de São Paulo, afirma não ter recebido a bonificação no ano em que suas turmas tiveram um ótimo desempenho. “É injusto, porque não há como mensurar o crescimento do conhecimento. Cada turma é uma turma. São seres humanos, não máquinas”, afirma.

Para finalizar, Oliveira explica que a política de bônus funciona em ambientes nos quais os profissionais se sentem em condições iguais. A política estimula a competição e espera que todos melhorem o desempenho. “Quando o professor acha que o jogo é perdido, a política deixa de ser estimuladora. Uma grande parcela já tentou, não conseguiu o bônus, nem a melhora do desempenho dos alunos e não vai tentar novamente”, avalia o especialista em educação.

Parabéns, Marina, por ter sido uma das poucas que viu a verdade sobre a porcaria do Bônus do Estado, pura ação de marketing político.

terça-feira, 29 de março de 2011

Demanda de crianças em creches é pequena em janeiro, segundo Prefeitura de São Paulo

Não vou me atentar ao assunto, mas olhem esta notícia, publicada em dezembro pela Prefeitura. Creio que não preciso falar muito, diante de números oficiais. Será que o Tribunal de Justiça não sabe ler números, só leis???

Rede Municipal oferece 6.500 vagas em creches durante as férias de janeiro

Pelo quarto ano consecutivo, a Secretaria Municipal de Educação adotará um esquema de plantão para o atendimento em creche no mês de janeiro. Serão abertas 36 unidades, que oferecerão 6.500 vagas, nas 31 Subprefeituras da capital.

Em 2010, em média, 227 crianças foram diariamente às creches abertas durante as férias, que ofereceram à população cerca de 6 mil vagas em toda a cidade. O fechamento das creches nas férias é importante para que sejam feitas manutenções e dedetizações nas unidades.

Fonte: SME

Justiça de São Paulo retira direito à férias da Educação Infantil e determina "prestação de serviço" em CEIs e Emeis


A Justiça precisa olhar para esta decisão com os olhos das crianças, as reais prejudicadas.

Enquanto achar injusta, incoerente, irresponsável e medíocre a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, me manifestarei neste blog. Hoje quero deixar o texto que foi divulgado pelo próprio Tribunal sobre a decisão de retirar o direito às férias das crianças e professores em janeiro.

Isto porque a maneira como mostramos um fato diz muito. E já que a primícia básica do jornalismo é ouvir os tantos lados que uma história tiver, aqui está o lado do Tribunal de Justiça:

"A Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve decisão da Vara da Infância e Juventude de São Miguel Paulista que determinou a prestação contínua do ensino infantil nas escolas municipais de São Paulo. Com isso, creches e pré-escolas deverão funcionar também nos meses de dezembro e janeiro.

O Município havia recorrido ao Tribunal para reverter a decisão, mas a apelação foi negada por unanimidade pelos desembargadores Maia da Cunha (relator) , Moreira de Carvalho e Maria Olívia Alves.

Para os julgadores, além do caráter pedagógico, a educação infantil também tem natureza assistencial, uma vez que seu funcionamento é essencial para que os pais possam trabalhar e obter o sustento da família.

“A educação infantil vem cumprir relevante papel ao proporcionar meios para a consecução dos fundamentos da República Brasileira consubstanciados na dignidade humana e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Esta natureza peculiar confere-lhe a qualidade de serviço público essencial, que deve ser prestado continuamente, em atendimento aos princípios da continuidade e da eficiência, sem a possibilidade de restrição de caráter infraconstitucional”, afirma o relator em seu voto.

A ação foi proposta pela Defensoria Pública do Estado. Cabe recurso da decisão.

Fonte: Tribunal de Justiça de São Paulo"

Agora, vamos aos fatos...

Em primeiro lugar, gostaria de saber até que idade uma criança deve ser cuidada. Qual a diferença de uma criança de cinco anos (que está na Educação Infantil) e uma de seis (que foi jogada para o Ensino Fundamental), uma vez que as duas precisam de cuidados?

A lógica do Tribunal foi a seguinte: as crianças não têm onde ficar em janeiro, porque os pais trabalham. Agora vem a pergunta: E a criança de seis anos, tem onde ficar? Quer dizer que ela pode ficar sozinha quando vai para o Ensino Fundamental.

Claro que não. A solução é crianças (de qualquer nível) não terem mais férias então? Claro que não. Mas isto é só para mostrar como a determinação é ridícula e míope, afinal, se as mães de crianças de 0 a 5 anos têm o "direito" de não ficarem com seus filhos nem um mês no ano, por que as mães de crianças de 5 em diante não têm o mesmo direito. Por isto acho injusta esta decisão.

Também acho injusta porque obrigando os alunos de CEIs e Emeis a irem para a escola, consequentemente, estou tirando o direito dos pais que querem ficar com seus filhos durante as férias, porque, afinal, se ele quiser ficar com seu filho nas férias, terá que fazer seu filho faltar por um mês, assim, ele perderá o primeiro mês, que é de adaptação. Ou seja, dou o direito de ser atendida (assistencialmente", mas retiro o direito do pai que percebe a importância das férias. Mais um ponto contra a decisão.

Por último, quero me atentar ao parecer do relator Maia da Cunha:

"A educação infantil vem cumprir relevante papel ao proporcionar meios para a consecução dos fundamentos da República Brasileira consubstanciados na dignidade humana e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Esta natureza peculiar confere-lhe a qualidade de serviço público essencial, que deve ser prestado continuamente, em atendimento aos princípios da continuidade e da eficiência, sem a possibilidade de restrição de caráter infraconstitucional”.

O relator usou cerca de 40 palavras para justificar sua decisão, mas em nenhum momento, usou a palavra EDUCAÇÃO. Será que foi sem querer-querendo??? Não precisa dizer mais nada, né?

Isto ainda não acabou!

Crédito da imagem: www.visaopanoramica.com.br

quinta-feira, 24 de março de 2011

CET abre inscrições para cursos gratuitos à distância

O Centro de Treinamento e Educação de Trânsito, CETET, da Companhia de Engenharia de Tráfego de SP, CET/SP, desenvolve atividades e programas educativos para os mais diferentes públicos, com o objetivo de promover maior segurança aos usuários do sistema trânsito.

Desde julho de 2010, oferece cursos gratuitos na modalidade de ensino à distância, voltados para professores, motociclistas, condutores e pessoas interessadas no tema trânsito. Veja os cursos disponíveis:

Fazendo Escola
- Curso de Capacitação de Professores do Ensino Fundamental II e EJA
- Curso de Capacitação de Professores do Ensino Fundamental I
- Curso de Capacitação de Professores da Educação Infantil

Condutores- Pilotagem Segura- Direção Segura
Público em Geral- Curso de Inclusão de Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida na Educação para o Trânsito

Para mais informações clique aqui ou pelo e-mail para ead@cetsp.com.br

Orientações Curriculares: Expectativas de Aprendizagens e Orientações Didáticas para Educação Infantil


Parece uma pergunta óbvia, mas não é. Afinal, o que significa este livro, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo?

Resolvi escrever sobre isto por causa de uma colega de faculdade, que, após ter estudado um semestre da disciplina de “Educação Infantil: Currículo”, perguntou-me, durante um trabalho: “O que é este negócio (Orientações), é um livro?”

Pois é. Não vou me atentar para o fato da colega ter estudado um semestre sobre Educação Infantil e não ter percebido o que este “livro” representa. Tampouco sobre o trabalho do professor da disciplina, que, ao meu ver, deixou a desejar em alguns aspectos.

A verdade é que muitos, tantos alunos, quanto professores, não sabe ainda o que é este livro, chamado de Orientações Curriculares: Expectativas de Aprendizagens
e Orientações Didáticas para Educação Infantil. Então, vamos lá!

Todos nós sabemos, uns mais, outros menos, que a educação formal exige um currículo, ou seja, o que devemos ensinar-aprender nas escolas. Embora, não nos atentemos para isto, a Educação Infantil também tem. Mas seu currículo não segue a lógica do Ensino Fundamental, que é dividido por disciplinas como Língua Portuguesa, História e Geografia, Ciências, Matemática, entre outras. Até mesmo porque o objetivo da Educação Infantil é outro.

A Educação Infantil é considerada como a primeira etapa da educação básica no Brasil. Não se trata de mero assistencialismo, como foi no passado, mas sim de uma fase essencial e singular para a criança se desenvolver.

Mas o que ensinar? Para isto, a SME desenvolveu as Orientações Curriculares, ou seja, não se trata de um manual a ser seguido cegamente, mas de uma orientação para nortear o trabalho do professor. Tanto que ali não existem conteúdos prontos, mas o que o aluno pode aprender naquele estágio ou ano, as expectativas de aprendizagem, e como alcançar estas expectativas, as orientações didáticas.

O material foi desenvolvido pela Diretoria de Orientação Técnica – Educação Infantil da SME, mas envolveu especialistas de diferentes áreas, além de educadores, gestores de educação, gestores de Políticas Públicas e grupo de trabalho composto por
organizações não governamentais, terceiro setor, sociedade civil e pesquisadores de
Educação Infantil ligados a Universidades ou Centros de Pesquisa.

Vale lembrar que existem Orientações Curriculares para Ensino Fundamental,Para Educação de Jovens e Adultos, para Educação Especial, entre outras.

Este documento está disponível no site da Prefeitura. Para ter conhecê-lo na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Justiça de São Paulo retira direito à férias da Educação Infantil

A Constituição Federal assegura à criança o contato com sua família (art. 227) e o Parecer nº 22/98 da CNE/CBE ressalta a importância da família no processo educativo da criança pequena.


Também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) determina em seu art. 29 que a educação infantil será complementar à ação da família e que o primeiro dever de educar pertence ao núcleo familiar.


Mesmo considerando que o espaço na educação infantil (CEIs e Emeis) seja prazeroso e importante para o desenvolvimento das crianças atendidas, não deixa de ser uma obrigação para a criança sair do seu aconchego familiar. Nós, professores e profissionais que atuamos na educação infantil, percebemos como é visível o cansaço das crianças quando estamos próximos do encerramento do ano e a necessidade de um tempo para descanso e maior contato familiar.


Sabe-se que quanto menor a criança maior a necessidade de atenção e contato com seus pais, amigos e parentes. Entretanto, o que acontece é o contrário: quanto menor a criança maior o tempo de atendimento pelas escolas.


É preciso considerar a necessidade de manutenção dos prédios. Quando serão feitas pinturas, consertos e outras atividades de manutenção? Nunca ou com as crianças frequentando o espaço, o que é inadmissível, pois obras e consertos colocam em risco a segurança das crianças.


A Justiça, pelo que se entende, deveria zelar, em primeiro lugar, pela defesa daqueles que não têm poder de se defenderem sozinhos, como é o caso das crianças que não possuem condições de reclamar e decidir o que consideram melhor e que, com certeza, seria ficar no aconchego de seu lar, ao menos alguns dias por ano.


É preciso consultar as mães e pais das crianças sobre a ação do Poder Judiciário que limita o direito da criança ao convívio familiar, impondo-lhe uma jornada educacional em janeiro, período tradicional de convívio entre a criança e sua família.


Posicione-se. Reúna sua comunidade e discuta este ataque à família e aos direito das crianças.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Paulinas lança dois livros sobre Educomunicação

Novidade boa a gente conta mesmo sem ganhar nada com isto. A Editora Paulinas lançou dois livros sobre Educomunicação, a área-chave deste blog.

O primeiro, Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação – contribuições para a reforma do Ensino Médio, aborda várias pesquisas do Núcleo de Comunicação e Artes da USP que visam acompanhar e entender o universo jovem, fazendo do processo educacional o ponto de partida para as principais transformações econômicas e sociais do país. O livro foi escrito por Ismar de Oliverira Soares, o cara mais entendido no assunto aqui no Brasil (e que eu já tive a oportunidade de conhecer pessoalmente). Olha a capa aí:



O segundo, Educomunicação – construindo uma nova área de conhecimento, é uma coletânea de artigos nacionais e internacionais publicados originalmente na Revista Comunicação e Educação e compilados pelos professores Adilson Citelli e Maria Cristina Castilho Costa, do Departamento de Comunicações e Artes da USP. Aí está a capa do segundo:



Pois é. Meu caminho solitário não é tão solitário assim...

MEC institui “provão” para professor – Um passo rumo à qualificação

O Ministério da Educação instituiu a prova nacional de concurso para o ingresso na carreira docente, que será realizada uma vez por ano, de forma descentralizada, em todas as unidades da Federação. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) será o responsável pela coordenação e aplicação da prova, prevista para 2012. Segundo o MEC, a participação do professor é voluntária.

Creio que este é um belo passo para começar a avaliar os profissionais. Acho, inclusive, que futuramente, isto deva ser obrigatório. Afinal, quem estiver em contínua formação, não precisará temer esta prova.

Sabemos que o Brasil engatinha quanto à formação de seus profissionais de educação. Muitos, por falta de opção ou condição, acabam estudando Pedagogia ou outra licenciatura pelo baixo custo do curso. Muitos jovens que percebem a necessidade em “fazer uma faculdade” optam por estes cursos sem realmente estarem interessados nele. A lógica é a seguinte: se eu desistir, não terei perdido tanto dinheiro, em comparação com outros cursos.

Além disto, a oferta ainda é enorme. Muitas faculdades começam com os cursos de Pedagogia e Administração, pois são cursos que (aparentemente) precisam de poucos recursos, ao contrário de Medicina, por exemplo, que requer equipamentos de última geração, elevando o custo do curso. Assim, qualquer escolinha obtém a autorização do MEC para funcionar e começa com Pedagogia. Não estou falando que as portas para novas faculdades tenham de ser fechadas. Mas é preciso maior rigor na fiscalização, pois muitas começam (e permanecem) sem condições de formar um professor.

E a última questão é a disparidade entre o aluno de Pedagogia e licenciaturas da universidade particular e o da pública. A realidade é a seguinte: quem estuda em universidade pública forma-se para pensar. Quem se forma em particular, é formado para obedecer quem pensa.

Pode parecer coisa do outro mundo, mas é o que acontece. Quantos alunos de Pedagogia da USP a gente vê dando aula, principalmente na rede pública? Os de licenciatura acabam indo para a indústria do vestibular, dando aulas em cursinhos para quem pode pagar. E quem não vai para estes lugares, fica na universidade mesmo, como pesquisador, desenvolvendo pesquisas sem nunca ter entrado em uma sala de aula.

Já o estudante de universidade particular, quer o diploma rápido para entrar no mercado de trabalho, passar em concurso público e “amarrar o burro”. Quanta diferença.

Não acho que os dois lados estejam errados. Mas acredito que para um país que garanta ensino de qualidade a todos, é imprescindível que o professor assuma sua condição de pesquisador, e o pesquisador assuma sua condição de professor. Afinal, a tão falada práxis só acontece quando estas duas coisas, teoria e prática, se unem.

Eu quero sim, estudar muito, fazer Mestrado, Doutorado, mas não passo perder de vista a sala de aula, caso contrário, serei mais uma teórica-do-mundo-da-lua ou uma praticante-de-teorias-utópicas-irrealizáveis.


Para ver a portaria e a matriz de referência, clique aqui e aqui.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Diário de Professor: Desabafos sobre inclusão de pessoas com necessidades especiais


Já quero informar que não sou especialista na área de inclusão social. O que falarei aqui vai muito mais da minha (pouca) experiência e da lógica humana que todos deveríamos ter do que em comprovações científicas.

Para resumir a história, que todo estudante e professor está cansado de saber, muitos não acreditam na inclusão de alunos com necessidades especiais nas salas de aula. E para falar sobre o assunto, colocarei aqui algumas coisas que ouvi de algumas colegas. Quem se identificar com os relatos, por favor, perdoe-me, mas este blog é meu desabafo, e respeitando a privacidade de cada, contarei sim, o que ouço por aí.

Ouvi uma colega dizer mais ou menos o seguinte:

"Não acredito na inclusão, sabe Dayane, porque o mundo é cruel. Aqui nós acolhemos e recebemos esta criança e os alunos gostam delas. Mas à medida que elas crescem, os coleguinhas já não querem mais ser amigos destas crianças. Ninguém a convida para o baile de formatura. Estas pessoas deveriam estudar em escolas específicas, pois assim se relacionariam com pessoas como elas. Assim, não sentiriam falta da sociedade cruel, que a exclui, pois teria seus próprios amigos".

Acreditem ou não. Esta professora, que preciso falar, gosto muito, disse isto. Tudo isto!

Eu compreendi sua preocupação com o mundo, que realmente é cruel. Mas a coisa mais óbvia para que este mundo saiba conviver com pessoas com necessidades especiais é conviver com elas!

E isto deve sim, começar na escola. Aliás, deve começar (e já começou) em casa. Antigamente estas pessoas eram confinadas por anos e anos dentro de suas casas. Hoje, felizmente, as famílias perceberam que estas pessoas têm o direito de conviver em sociedade, seja esta acolhedora ou cruel. Todo ser humano passa por isto!

E é na escola que elas poderão, sim, aprender a lidar com o preconceito, com a discriminação, com a aceitação de sua condição. É na escola que as crianças aprenderão desde cedo a respeitar as diferenças, pois todos somos diferentes.

Agora aqui é apresentado outro problema. A exclusão não está nos alunos, mas nos professores. São eles que não acreditam que a "simples" socialização não traz resultados. São eles que esperam uma massa de alunos que se desenvolvam da mesma maneira, no mesmo tempo. São os professores que não acreditam que um simples piscar de olhos, uma lágrima, um abraço, um sorriso, são coisas demais a serem levadas em consideração quando o assunto é desenvolvimento.

Por último, não quero ser utópica. Sei que as condições para os professores trabalharem com estes alunos não são as melhores. Falta acessibilidade. Faltam equipamentos adequados. Faltam recursos humanos. Mas isto não é desculpa para privar uma criança, seja ela como for, do direito à educação de qualidade.

A escola não tem estrutura? Brigue por melhores condições!
A família não apoia? Peça ajuda ao Conselho Tutelar!
Você não está preparado para lidar com alunos com necessidades especiais? Prepare-se! Estude! Corra atrás. Isto faz parte de sua profissão.

Ninguém é enganado quando vai fazer Pedagogia. Na grade curricular já está lá a disciplina sobre inclusão. Consequentemente você sabe que fará parte de seu ofício.

E se mesmo assim, você não acreditar que a inclusão é possível, MUDE DE PROFISSÃO! É a coisa mais digna a se fazer se perceber que não é capaz.

Dedico este texto às colegas que conversaram comigo sobre o assunto. Por favor, não levem a mal. Este desabafo é só o meu lado da história. Ninguém é obrigado a concordar. Mas devemos respeitar. Eu não concordo, mas respeito o trabalho de vocês, principalmente porque vocês reclamam, mas na hora "H", fazem o trabalho bem feito. Parabéns!

Mediocridade, hipocrisia e miopia: Justiça decide que creches de SP não podem tirar férias

Baseando-se em uma visão medíocre, hipócrita e míope, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou à Prefeitura de São Paulo que mantenha as creches e pré-escolas abertas durante as férias de janeiro. Isto porque entendeu que estes locais constituem um serviço público essencial, não apenas relacionado à educação, mas à assistência social.

Ora, em um país hipócrita, que somente fala que educação é importante, mas não age para garantir uma educação de qualidade para todos, não é de se admirar que esta decisão tenha saído do tribunal do maior estado do país.

Mesmo com todos os exemplos de outros países e estudos que comprovem a importância da Educação Infantil para o desenvolvimento humano, o país, e ora, São Paulo, ainda vê esta área da Educação (sim, esta área é tão educacional ou até mais que as outras) como “assistencialista”.

Embora saibamos da realidade de nosso país, enquanto não mudarmos esta visão medíocre de que as creches só existem para as mães terem onde deixar seus filhos, não atingiremos mesmo, nem em 50 anos, a qualidade dos países desenvolvidos no que diz respeito à educação.

Embora o discurso seja um, de que a Educação Infantil faça parte da educação básica de nosso país, na prática, isto não acontece, pois desde as famílias até as instâncias superiores, a descrença causa decisões deste tipo.

Assim como qualquer nível de educação, os alunos das creches e emeis precisam, sim, de férias. Afinal, a própria Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) afirmam que a educação é um processo que ocorre na família, na escola e na sociedade. Sendo assim, as crianças precisam ter um tempo com seus pais.

Além disto, é neste período que as manutenções ocorrem, afinal, o que ficaria prejudicado, pois nem todas as reformas são possíveis com os alunos em aula.

E por último, é inaceitável que os poderosos deste país ainda vejam os professores de Educação Infantil como meros “cuidadores de crianças”. Pois é neste período que nós, profissionais cientes de nossa responsabilidade com a educação, planejamos o ano letivo, pensamos sobre nossas práticas, fazemos cursos, tendo em vista que iniciaremos e terminaremos um trabalho, junto com os alunos, pais e com a comunidade.

Não esqueço o problema dos pais que têm que trabalhar, mas por que estes mesmos pais conseguem “dar um jeito” quando seus filhos mais velhos entram de férias e não o conseguiriam com os menores?

A Prefeitura mesmo já mostrou que a demanda por creches em janeiro é muito pequena. E ainda que faltem vagas, como reclamaram os defensores públicos que atuam em São Miguel Paulista, o caminho não é generalizar.

O certo a se fazer, neste caso, é fazer um levantamento de quantas crianças precisam ser deixadas nas creches neste período, convocar profissionais que queiram trabalhar e abrir as escolas conforme a demanda.

Não podemos ser tratados como uma massa uniforme, mesmo em uma cidade com onze milhões de habitantes. Somos indivíduos e precisamos ser respeitados como tal.

Espero com muita fé que a Justiça perceba o erro que comete, e volte atrás em sua decisão. Pois...

“O homem nada mais é do que aquilo que a educação fez dele".
Emmanuel Kant

Comentários sobre o vídeo "Inteligência”, de Pierluigi Piazzi



Por que nosso sistema educacional não funciona? Por que fazemos tantas provas e depois delas, esquecemos tudo o que (achávamos) que tínhamos estudado? Por que a Finlândia tem a melhor educação do mundo? Qual a diferença entre aluno e estudante?

Estas e outras questões profundas são abordadas de maneira simplesmente brilhante pelo professor Pierluigi Piazzi, autor dos livros “Aprendendo Inteligência”, “Incentivando Inteligência” e “Ensinando Inteligência”.

Em uma palestra sobre o assunto, o professor começa mostrando que aluno e estudante são palavras antagônicas. Pois para ele, aluno é “aquele que assiste aula”, pois trata-se de uma ação coletiva e passiva. Já estudante, é o que aprende, em uma ação solitária e isolada.

O professor explica, durante cerca de uma hora, como nosso cérebro funciona, e mostra que nunca é tarde para desenvolvê-lo. Sim, porque inteligência se aprende. Todos temos capacidade.

Ele explica que para que o aluno consiga realmente aprender, e não simplesmente decorar, é preciso estudar depois de ter assistido a aula. Este é o grande segredo da educação finlandesa: os alunos ficam na escola em tempo integral. Pela manhã, assistem a aula, coletivamente, e durante a tarde, além das atividades esportivas, cada criança tem seu espaço para rever, aprender o que viu durante a manhã, em uma ação solitária e ativa. Simples assim!

Piazzi também revela a importância desta rotina ser seguida diariamente, já que a aprendizagem do ser humano é feita diarimente, e não por bimestres, semestres, anos ou ciclos. Neste ponto, o professor questiona nosso sistema de ensino, que avalia o aluno pouquíssimas vezes, não permitindo que este possa colocar o que viu em prática. Mais que ganhar notas, provas são tarefas que auxiliam na construção do conhecimento.

O professor defende que o sistema brasileiro deve mudar as regras, e não as pessoas. Assim, defende três atitudes que mudariam o rumo da educação: o professor voltar a ter o direito de ser o único a falar em sala de aula, durante a explanação do conteúdo, o aluno estudar, não para passar na prova, mas para aprender, e isto, diariamente, e não um dia antes dela, e a última, ler. E neste último ponto, lembra que nossos vizinhos argentinos “dão um banho no Brasil”, já que “só Buenos Aires tem mais livrarias que o Brasil inteiro”.

Sobre a primeira mudança, ele comenta que a televisão teve grande participação, já que as pessoas aprenderam a falar e ignorar quem está falando ao seu lado. Assim , o professor passa a ser na aula, simplesmente mais uma pessoa a falar sozinha, como a televisão. Sem demonizá-la, Piazzi lembra que devemos usá-la, como a qualquer outro aparelho eletrônico. Se realmente não a estivermos usando no momento, que a desliguemos e poupemos nossos ouvidos. Assim, durante a aula, devemos prestar atenção no professor, que está nos dando informação para que mais tarde, sozinhos, possamos aprender sobre o que ele falava.

A segunda atitude diz respeito ao sentido de estudarmos. Infelizmente, desde o ensino fundamental até a pós-graduação, estudamos para tirarmos boas notas, mas não para aprender. Prova disto, é que estudamos um dia antes, e não diariamente. Isto faz com que decoremos o assunto para o momento, e depois o esqueçamos.

Por último, ele fala sobre a importância de sermos autodidatas. Para ele, quanto mais velhos ficamos, mais autodidatas devemos ser. Assim, a cada ano escolar, as aulas perdem a importância e dão espaço ao estudo solitário e autodidata. Mas para isto, lembra que é imprescindível a interpretação de texto e um bom vocabulário, que só conseguimos com a leitura.

Lembro-me que algumas vezes, tentei fazer isto, instintivamente. Na oitava, anotava em uma agenda o que tinha visto durante a aula, mas isto, durou poucos dias.

Achei muito interessante também a parte que o professor fala sobre a importância do professor passar tarefas, e diz que para aqueles que estudam a noite, é preciso realizar as tarefas depois das aulas, antes de dormir. Pensando no curso de Pedagogia, creio que todos os professores deveriam fazer isto: após a explanação, passar alguma tarefa para ser feita no dia.

Sobre leitura, não tenho dificuldades, e sei a importância disto. Aprendi a ler muito cedo e tudo foi natural para mim. E com o passar do tempo, minhas preferências foram aumentando. Consigo ler livros técnicos com a mesma empolgação que lia os livros da coleção “Para Gostar de Ler”, muito presentes em minha infância.

Enfim, a palestra abre nossos olhos para o quanto precisamos mudar nossa postura enquanto estudantes e futuros professores.

Obs: Para assistir a palestra toda, entre no You Tube e acompanhe as oito partes. Esta é só a primeira.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Diário de Professor: O Carnaval simplesmente especial nas escolas municipais!


Não sou daquelas pessoas que amam o Carnaval, mas também não deixo uma festa (saudável) por nada neste mundo. E o que vi nas duas escolas em que trabalho, um CEI e uma EMEI, foi algo simplesmente maravilhoso. Isto: SIMPLESmente maravilhoso.

Isto porque não tivemos alunos com fantasias caríssimas, pomposas e cheias de frescura. Vi crianças com capas de camiseta, faixas coloridas, enfeites no cabelo, ou seja, nada especialmente caro, mas produtivamente criativo.

Isto porque o Carnaval nas escolas municipais não é regado de exibicionismo de "quem-tem-a-melhor-fantasia". Todos se divertem, não importa se estão fantasiados ou não. Todos estão felizes.

Ao som de marchinhas e músicas do cotidiano das crianças, todo mundo entra na dança. A gente pula, brinca, dá risada e se diverte. Tudo muito simples. Tudo muito criança. Porque não são elas que escolhem roupas caras e de marcas. A criança nasce simples. na verdade, nasce pelada. A gente é que complica a vida delas!

Bom Carnaval!