segunda-feira, 31 de maio de 2010

Concepções de Desenvolvimento: Construtivismo, por Vygotsky

Segundo Bock (2005), Lev Semenovich Vygotsky nasceu em 1896, na Bielo-Rus, e faleceu aos 37 anos de idade, e, apesar da pouca idade, deixou uma contribuição muito importante à sociedade, pois buscou uma alternativa dentro do materialismo dialético para o conflito entre as concepções idealista e mecanicista na Psicologia. Ao lado de Luria e Leontiev, construiu propostas teóricas inovadoras sobre temas como relação pensamento e linguagem, natureza do processo de desenvolvimento da criança e o papel da instrução no desenvolvimento.
A base para a teoria de Vygotski, segundo a autora, é que o homem é diferenciado do animal porque suas formas superiores de comportamento conscientes, ou seja, os pensamentos, a memória e a atenção voluntária, por exemplo, são encontradas nas relações sociais que só o homem mantém.
Bock explica, no entanto, que Vygotski não via o homem como ser passivo, mas ativo nas relações, que age sobre o mundo, sempre por meio das relações sociais, e transforma suas ações para que estas constituam o funcionamento de um plano interno.
O desenvolvimento infantil é visto a partir de três aspectos: instrumental, cultural e histórico.
• O aspecto instrumental quer dizer que além de respondermos aos estímulos apresentados no ambiente, os alteramos e usamos estas modificações como um instrumento para o nosso comportamento. Um exemplo é amarrar um laço no dedo para lembrar algo. A autora explica que o estímulo – o laço no dedo – objetivamente significa que o dedo está amarrado, mas esta ação ganha outro sentido por nós, por sua função mediadora.
• O aspecto cultural envolve os meios que a sociedade estrutura para organizar os tipos de tarefas que a criança enfrenta durante seu crescimento, e os instrumentos que a criança tem para dominar estas tarefas. Um exemplo é a linguagem, tema que Vygotski enfatizou em sua obra defendendo a relação entre esta e o pensamento.
• O aspecto histórico mistura-se com o cultural, pois os instrumentos que o homem usa para dominar seu ambiente e seu próprio comportamento foram criados e modificados ao longo da história social da civilização.
Assim, para Vygotski, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem estão de tal forma ligados que um não seria o que é sem o outro. As crianças estão em constante interação com os adultos, que ativamente procuram incorporá-las a suas relações e sua cultura. Bock (2005) explica que no início, as respostas das crianças são dominadas por processos naturais, especialmente aqueles proporcionados pela herança biológica. Por meio da mediação dos adultos que os processos psicológicos mais complexos tomam forma.
Para Vygotski, segundo Bock, os processos psicológicos mais complexos tomam forma com a mediação de um adulto, num processo interpsíquico. Mas à medida que a criança cresce, este processo pode ser feito por elas mesmas, num processo intrapsíquicos.
O teórico também acreditava que a fala inicial da criança tem um papel fundamental no desenvolvimento de suas funções cognitivas. A autora explica que como a criança está cercada por adultos na família, a fala começa a adquirir traços demonstrativos, e ela começa a indicar o que está fazendo e de que está precisando. Algum tempo depois, a fala serve para fazer distinções para si mesma, deixando de ser um meio para dirigir o comportamento dos outros, para adquirir a função de autodireção. Fala e ação, que se desenvolvem separadamente, em determinado momento se encontram. Inicialmente a fala acompanha as ações, mas depois, passa a dirigir, determinar e dominar o curso da ação, com sua função planejadora.
Vygotski, como diz a autora, enfatiza o processo de internalização como mecanismo para o desenvolvimento das funções psicológicas complexas, que tem como base a linguagem. “O plano interno não preexiste, mas é constituído pelo processo de internalização, fundado nas ações, nas interações sociais e na linguagem”, conclui Bock.


Referência

BOCK, A.. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. A Psicologia do desenvolvimento. In: Psicologias : uma introdução ao estudo da psicologia .13ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, p. 107-110.

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