Procuro neste blog colocar as pedrinhas que marcam esta jornada rumo à minha formação profissional como jornalista e professora. Com elas, posso sempre voltar e repensar este caminho. Talvez caminhe sozinha, mas o mais provável é que encontre alguém caminhando também.
domingo, 30 de maio de 2010
Revista Veja: Como não fazer jornalismo e como ser enganada sobre o que é Construtivismo! - Parte 2
Somos sabiás ou papagaios?
Pois é. A reportagem da Veja "dá pano pra manga". Vamos lá.
Embora ache difícil argumentar esta segunda parte, já que a Veja procurou o doutor em Educação João Batista Oliveira*, creio que embora ele tenha falado algumas verdades, a maneira como elas foram colocadas manipulam novamente a informação. Vejamos:
A experiência mostra que as interpretações livres do construtivismo podem ser desastrosas – especialmente quando a escola adota suas versões mais radicais. Nelas, as metas de aprendizado são simplesmente abolidas. O doutor em educação João Batista Oliveira explica: "O construtivismo pode se tornar sinônimo de ausência de parâmetros para a educação, deixando o professor sem norte e o aluno à mercê de suas próprias conjecturas".
Como bem o professor disse, o Construtivismo "pode" de tornar sinônimo de ausência de parâmetros da educação. Sim, pode ser verdade, mas isto só acontece quando o professor não entende a proposta construtivista de que ele é o mediador, portanto, tem sim de ter parâmetros para auxiliar o aluno em seu desenvolvimento.
E outra: o que são estes parâmetros? Conteúdo?
Aí o doutor continua:
"Por preguiça ou desconhecimento, essas abordagens radicais da teoria de Piaget são a negação de tudo o que trouxe a humanidade ao atual estágio de desenvolvimento tecnológico, científico e médico. Sua ampla aceitação no passado teria impedido a maioria das descobertas científicas, como a assepsia, a anestesia, as grandes cirurgias ou o voo do mais pesado que o ar. Sir Isaac Newton (1643-1727), que escreveu as equações das leis naturais, dizia que suas conquistas só haviam sido possíveis porque ele enxergava o mundo "do ombro dos gigantes" que o precederam".
Quem lê isto pensa que o Construtivismo não acredita que devamos olhar para o conhecimento já produzido pela humanidade. Embora não seja especialista, será que uma teoria que acredita que o ser humano constrói seu conhecimento iria mesmo deixar de lado o que outros já construíram?
Caramba. Começar de um ponto e continuar a desenvolvê-lo não é construir um conhecimento, como fizeram estes ilustres do passado, e como ainda fazemos?
E conclui:
"O conhecimento que nos trouxe até aqui é cumulativo, meritocrático, metódico, organizado em currículos que fornecem um mapa e um plano de voo para o jovem aprendiz. Jogar a responsabilidade de como aprender sobre os ombros do aprendiz não é estúpido. É cruel."
Pois é. Mas este mesmo conhecimento também manteve a desigualdade, a injustiça, a competição cruel e discriminatória, justamente porque quem tem mais chance de "acumulá-lo", tem espaço. É o que vemos até hoje. Os pobres não têm acesso á universide pública justamente porque não acumularam estes conhecimentos ao longo da vida. E olha que não podemos garantir estes conhecimentos nem em que teve chance, senão, por que estes cursinhos pré-vestibulares caríssimos? Muitos decoram muitas coisas (por meio de musiquinhas e fórmulas piadistas), passam no vestibular e esquecem de muita coisa que viram. Pergunto: construíram conhecimento? Não. Transformaram-se em uirapurus, sabiás ou papagaios?
Pois é...chegamos ao final de mais um capítulo desta incrível história feita pela Veja. Aguardem as próximas discussões.
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