segunda-feira, 31 de maio de 2010

Concepções de Desenvolvimento: Construtivismo, por Jean Piaget

Segundo Bock (2005), a teoria de Jean Piaget é classificada como construtivista porque busca explicar o aparecimento de inovações, mudanças e transformações no percurso do desenvolvimento intelectual, assim como dos mecanismos responsáveis por estas transformações. Esta característica fica mais evidente a partir da década de 70, quando Piaget passa a investigar os mecanismos de transição que explicam a evolução do desenvolvimento cognitivo.
Bock explica que para Piaget, a formação das operações cognitivas no homem está subordinada a um processo geral de equilibração para o qual tende o desenvolvimento cognitivo, como um todo. Sem deixar de reconhecer a importância dos estímulos do ambiente, muito enfatizadas na época pelas teorias associacionistas e empiristas, Piaget chama a atenção em sua obra para a existência de uma organização própria dos sujeitos da experiência sensível, organização que submete os estímulos do meio à atividade interna do sujeito.
Segundo a autora, o suíço acredita que o homem, dotado de estruturas biológicas, herda uma maneira de interagir com o ambiente que o leva à construção de um conjunto de significados. A interação do homem com o ambiente permitirá a organização desses significados em estruturas cognitivas, de acordo com o estágio em que este ser se encontra. Cada estágio corresponderá a uma forma de organização dos significados, marcando assim, diferentes estágios de desenvolvimento. Piaget acreditava que são as diferentes estruturas cognitivas que permitem prever o que se pode conhecer naquele momento da evolução.
Bock explica que Piaget utilizou, para a construção de sua teoria, o modelo biológico: o homem é guiado pela busca do equilíbrio entre as necessidades biológicas de sobrevivência e as agressões ou restrições colocadas pelo meio para a satisfação destas necessidades, ou seja, sua demanda de adaptação. A adaptação, que envolve a assimilação e a acomodação, é o mecanismo que permite ao homem transformar os elementos assimilados tornando-os parte da estrutura do organismo e possibilitar o ajuste e a acomodação deste organismo aos elementos incorporados. Neste sentido, a inteligência é uma adaptação, pois o indivíduo incorpora dados de suas experiências e o acomoda, modificando suas estruturas mentais.
Bock explica que Piaget dividiu os períodos de desenvolvimento de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento, resultando em quatro estágios:
• 1º Período: Sensório-motor (0 a 2 anos)
• 2º Período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
• 3º Período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
• 4º Período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)
No período Sensório-motor a criança conquista o universo que a cerca por meio da percepção e dos movimentos. A vida mental do recém-nascido limita-se ao exercício dos aparelhos reflexos, como a sucção. No final do período, a criança é capaz de usar um instrumento como meio para atingir um, utilizando a inteligência prática, ou sensório-motora.
A autora ainda explica que neste período a criança evolui de uma atitude passiva em relação ao ambiente para e pessoas de seu mundo para uma atitude ativa e participativa.
No segundo período o pré-operatório, o que de mais importante acontece, segundo a autora, é o aparecimento da linguagem, que irá modificar os aspectos intelectual, afetivo e social da criança. Ela deixa a objetividade e passa a transformar o real em função dos seus desejos e fantasias, o chamado jogo simbólico. Ainda neste período, a maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de suas habilidades, como a coordenação motora fina.
Bock continua, e explica que o terceiro período, o das operações concretas, que se caracteriza pelo início da construção lógica, ou seja, a capacidade da criança de estabelecer relações que permitam a coordenação de pontos de vistas diferentes. A criança consegue, entre coisas neste período, estabelecer corretamente as relações de causa e efeito e de meio e fim, seqüenciar ideias e eventos, trabalhar com ideias sob dois pontos de vista, simultaneamente e formar o conceito de número.
A autora explica que no último período, o das operações formais, ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal, abstrato, isto é, o adolescente realiza as operações no plano das ideias, sem necessitar de manipulação ou referências concretas, como no período anterior. O livre exercício da reflexão permite ao adolescente, inicialmente “submeter’ o mundo real aos sistemas e teorias que o seu pensamento é capaz de criar.

Referência

BOCK, A.. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. A Psicologia do desenvolvimento. In: BOCK, A.. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias : uma introdução ao estudo da psicologia .13 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1999, pp. 97-107.

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