domingo, 5 de setembro de 2010

Remo contra a maré: quero ser professora, Dimenstein!!!

Esta semana foi publicada uma pesquisa que mostra que menos de 2% dos jovens querem ser professores. Gilberto Dimenstein escreveu para a Folha sobre o assunto.

Em seu texto, ele afirma, também baseado em pesquisas, que os futuros professores são recrutados entre os alunos com as piores notas, sendo que quase 90% são de escolas públicas.

“Portanto, o curso de licenciatura e pedagogia é, para muitos, a opção de quem não tem opção. O resto é apenas consequência”, ele afirma.

Já remei contra a maré algumas vezes: casei cedo, fiz jornalismo (profissão saturada, diziam para mim). Agora, mais uma vez, preparo-me para remar contra a maré.

Não sou desqualificada e tive outras opções, mas no momento, o que quero é ser professora.

Aliás, o que sempre quis, desde que comecei a ler, desde que peguei na caneta pela primeira vez, desde que nasci, pois sempre convivi com uma professora que remava, e rema contra a maré: minha mãe.

Sempre vi sua dedicação. Ela foi minha primeira professora. Ensinou-me a ler da maneira mais construtivista possível, quando este termo nem era tão usado. Tinha quatro para cinco anos quando comecei a unir as letras.

Sempre quis imitá-la. Era uma das únicas crianças que gostava (mesm0) de brincar de escolinha. Ah…eu sempre era a professora.

Outra coisa que sempre me acompanhou: a escrita. Quando não brincava de escolinha, boneca, carrinho, parava para fazer livros. Isto mesmo: fazer. Pegava folhas, grampeava e começava a escrever. Escrevia histórias já conhecidas, como a Dama e o Vagabundo e Chapeuzinho Vermelho. Depois, comecei a inventar minhas próprias histórias. Pena que, assim como as brincadeiras, os livros ficaram na memória. Perdi quase todos.

Mas aí cresci, conheci outras coisas, principalmente minha rebeldia. “Caramba…com tanta profissão no mundo vou escolher justo a da minha mãe?!”, pensava.

Achava que estaria vivendo sua vida. Achei que não poderia aceitar o que achava ser mais fácil, já que convivi com o magistério toda minha vida.

Fui para a outra área que amava: jornalismo (porque amava, e amo escrever).

Hoje, no entanto, já tendo sido professora e jornalista, busco unir minhas paixões. Agora qua já sou jornalista, quero voltar a ser professora.

Descobri que o magistério não é fácil, nem será fácil para mim porque magistério nunca foi fácil. Estes últimos tempos, então, nem se fala. Ser professor é aceitar o desafio de ser desmoralizado todos os dias, pelo mal trabalho dos outros. É também aceitar suas próprias limitações. Ser professor (de verdade), é buscar a utopia: a transformação da sociedade.

Quando saí da escola em que trabalhava falei: “vou pro lado de lá. Se não gostar, volto”. Estou voltando. Não porque não gostei de jornalismo. Mas porque quero os dois.

Minha vida é unica e devo vivê-la intensamente: como jornalista e professora. Esta é minha vocação. Esta é minha paixão. Danem-se as pesquisas!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário