Este final de semana fui com parte de minha família ao Zoológico. Imagine: a primeira vez que minha sobrinha, de quatro anos, visita o lugar. Além disto, fazia muito tempo que meu sobrinho, seus pais, meu amor e eu visitávamos o espaço.
É claro que foi maravilhoso ver a empolgação dela com alguns bichos, como a girafa e o tigre branco e o elefante. Aliás, todos nos empolgamos com eles. Mas tenho que confessar: o passeio me deixou mais deprimida do que feliz.
Não consegui ver com a mesma alegria de antes aqueles animais, tão perto de mim, e tão próximos de uma vida natural. Alguns, como o leopardo-das-neves, tão longe de seu habitat natural. É claro que só podem passar grande parte do dia deitados. O que fazer num espaço de alguns metros, sozinho?
Por favor, não me entendam mal. A Fundação Zoológico faz o possível, e seus profissionais tratam aqueles animais como filhos. O problema é que os zoológicos mostram a relação que temos com o meio ambiente e os outros seres vivos: de consumo.
Passamos pelas jaulas e espaços como se estivéssemos num mercado, escolhendo produtos nas prateleiras. Aquele é bonito, aquele outro é feio. O leão só dorme, o orangotango está triste. A arara grita demais. Não dá pra ver o urso, escondido na caverna. O chimpanzé está velho.
Não vou cuspir no prato que já comi tantas vezes. Na busca por querer ver estes animais, alguns que nem fazem parte da nossa fauna, já fui várias vezes ao zoológico. E de alguma maneira, mesmo com todas as limitações, consigo contemplar a natureza e a criatividade de Deus. Também não estou defendendo seu fechamento, já que muitos animais nem teriam para onde ir. Alguns foram resgatados e salvos de desumanos e encontram ali refúgio depois que não conseguem se readaptar ao ambiente. Este espaço em São Paulo, selva de pedra, portanto, é fundamental.
Mas enquanto caminhava pelo zoológico, percebi que a própria estrutura nos deixa distantes do objetivo: melhorar a relação com a natureza. Os lugares possuem muitas grades, jaulas e os animais, muitos inofensivos, ficam muito distantes das pessoas. A parte com as aves então, nem se fala. As gaiolas são pequenas e não permitem que elas voem. Eu preferiria ficar minutos e minutos procurando por eles, em um espaço maior onde eles pudessem voar, do que vê-los pulando de galho em galho. Um bom exemplo é o viveiro de pássaros do Hot Park, em Rio Quente (GO). Lá, as pessoas entram nestes viveiros e podem ver as aves sem grades, sem gaiolas.
Eu sei que o Zoológico de São Paulo recebe milhares de pessoas por dia. Sei que mudar a estrutura diminuiria a possibilidade de um número tão grande visitar o local, sem falar no preço, que aumentaria se a estrutura tivesse de ser remodelada. Sei também que muitos não terão a oportunidade de participar de um safári na África, nem de se aventurar na maravilhosa Amazônia, cabendo ao zoológico sanar um pouco desta necessidade. Mas até que ponto vale a pena mostrar a natureza sempre do lado de lá? Do lado de fora da gente? Por trás das grades, jaulas e gaiolas?
Falar de meio ambiente ainda é coisa para “ecochato”, como dizem alguns. E enquanto esta realidade não fizer parte de nossas vidas, trataremos os animais como mercadorias e a natureza como fonte de recursos naturais somente. E aí, os zoológicos continuarão a ser simplesmente zoológicos.
Não sou especialista, mas acho que o Zoológico de São Paulo poderia ser mais ecológico e ter menos concreto, resumidamente. O próximo passo será visitar o Zôo Safári. Quem sabe encontro lá um pouco mais da natureza tão limitada no Zoológico.
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